Em funções há menos de um mês e um dia depois da nomeação do seu Governo, Lecornu apresentou a demissão, alegando que as condições para ser primeiro-ministro “não estão reunidas”. Lecornu foi o quinto chefe de Governo nomeado por Macron em dois anos e o terceiro primeiro-ministro a cair desde que Emmanuel Macron decidiu dissolver a Assembleia Nacional, em junho de 2024, após a derrota para a extrema-direita nas eleições europeias.

Macron, cujo mandato termina em maio de 2027, tem descartado repetidamente a demissão ou a convocação de eleições antecipadas, nomeando um novo primeiro-ministro queda após queda.

No entanto, para muitos, à terceira é de vez e são cada vez mais as vozes que pedem a demissão de Macron.

“Esta piada já durou demasiado tempo, a farsa tem de acabar”, disse a líder do partido de extrema-direita Rassemblement National (RN), Marine Le Pen, que considera Macron tem de escolher entre a renúncia e a dissolução.

Mathilde Panot, do partido de extrema-esquerda La France Insoumise, disse: “A contagem decrescente começou. Macron precisa de sair”.

Macron garante que “assumirá a responsabilidade”

Macron, no entanto, não parece ter ainda desistido e pediu a Lecornu que conduza “as negociações finais” até à noite de quarta-feira “para definir uma plataforma de ação e estabilidade para o país”.

Após o anúncio do Palácio do Eliseu, o primeiro-ministro demissionário escreveu na rede social X que concordou em conduzir as discussões finais e que iria informar o Macron na quarta-feira “se isso é possível ou não, para que ele possa tirar todas as conclusões necessárias”.

O jornal francês Le Figaro avança, no entanto, que mesmo que as “negociações” sejam bem-sucedidas, Sébastien Lecornu não quer ser reconduzido como primeiro-ministro.


Emmanuel Macron, por sua vez, indicou à sua comitiva que “assumirá a responsabilidade” em caso de fracasso das “negociações finais” de Sébastien Lecornu.

O chefe de Estado já descartou repetidamente a possibilidade de demitir-se, afirmando que cumprirá o mandato que lhe foi confiado pelo povo francês. No entanto, sugeriu que não afastará quaisquer meios constitucionais, incluindo a dissolução da Assembleia.