A agência de saúde do governo norte-americano anunciou hoje que adotou as recomendações feitas no mês passado por conselheiros escolhidos pelo Secretário de Saúde dos EUA, Robert F. Kennedy Jr.  


Até agora, os responsáveis de saúde dos EUA, seguindo recomendações de especialistas em doenças infecciosas, recomendavam reforços anuais da vacina contra a Covid-19 para todos os americanos com seis meses ou mais. A ideia era atualizar a proteção contra o coronavírus à medida que este continuava a evoluir.  


À medida que a pandemia de Covid-19 diminuía, os especialistas discutiam cada vez mais a possibilidade de concentrar os esforços de vacinação nas pessoas com 65 anos ou mais, consideradas as que estão entre aquelas com maior risco de morte e hospitalização pela doença.  


Mas Kennedy, que questionou a segurança das vacinas contra a Covid-19, anunciou em maio que estas vacinas já não eram recomendadas para crianças saudáveis e mulheres grávidas. Além disso, dispensou o Comité Consultivo de Práticas de Imunização do CDC e substituiu-o por um grupo escolhido pessoalmente.


O novo grupo de conselheiros votou a 19 de setembro favoravelmente a que todos os americanos deveriam tomar as suas próprias decisões.


O novo painel sobre vacinas indicado pelo secretário da Saúde norte-americano, Robert F. Kennedy Jr., retirou a recomendação geral de vacinação para covid-19, deixando a toma da dose a escolha individual.


Mas o CDC também afirma que as decisões sobre vacinas, especialmente para os idosos, devem envolver a consulta com um médico, enfermeiro ou farmacêutico.


A recomendação foi endossada pelo Subsecretário de Saúde e Serviços Humanos Jim O`Neill, que está como diretor interino do CDC. O`Neill aprovou-a na semana passada, mas os responsáveis do HHS anunciaram-na hoje.


O painel também instou o CDC a adotar uma linguagem mais rigorosa em relação às alegações de riscos das vacinas, apesar da oposição de grupos médicos externos, que disseram que as vacinas tinham um historial comprovado de segurança a partir dos milhares de milhões de doses administradas em todo o mundo.


Numa declaração hoje, O`Neill celebrou a mudança, afirmando que as orientações anteriores “dissuadiam os profissionais de saúde de falar sobre os riscos e benefícios da vacinação.”


“O consentimento informado está de volta”, disse O`Neillnum comunicado com o qual alguns médicos discordaram.


Os médicos discutem rotineiramente vacinas com os pacientes e os pais, e partilham informações impressas sobre os riscos e benefícios de cada vacina, disse Jesse Hackell, um médico reformado de Nova Iorque que assinou vários comunicados de política da Academia Americana de Pediatria sobre vacinação.


“Dizer num comunicado que o consentimento informado está de volta implica que este tinha desaparecido. De forma alguma desapareceu”, afirmou.


As principais sociedades médicas continuam a recomendar vacinas para crianças mais pequenas, mulheres grávidas e outros em maior risco de doença grave e afirmam que a discussão sobre risco realizada pela administração Trump exagera efeitos colaterais raros e não leva em conta os perigos da própria infeção pelo coronavírus.


O`Neill também aprovou a recomendação de um painel para que crianças com menos de quatro anos recebam a sua primeira dose da vacina contra a varicela, também conhecida como catapora, como uma dose individual, em vez de numa vacina combinada com sarampo, papeira e rubéola. Existe uma única vacina que contém todas as quatro, mas apresenta um risco maior de febres e convulsões relacionadas com a febre.


Desde 2009, o CDC afirma preferir vacinas separadas para as doses iniciais dessas vacinas, e 85% das crianças pequenas já recebem a vacina contra a varicela separadamente.