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O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro
Como escreve o poeta Ary dos Santos, “Natal é quando um homem quiser”. Menos na Venezuela… ali, é quando Maduro quer.
Desde quarta-feira, dia 1 de outubro, que é Natal na Venezuela.
Nicolás Maduro tinha-o anunciado já no início de setembro, numa prática que tem sido recorrente nos últimos anos.
“Vamos decretar, a partir de 1 de outubro, começa o Natal na Venezuela novamente, este ano também. Este ano, o Natal começa a 1 de outubro, com alegria, comércio, atividades, cultura, canções natalícias, gaitas, hallacas [comida típica da estação]”, anunciou.
“Porquê, sr. Presidente”?
“Esta é a forma de defender o direito à felicidade, o direito à alegria. Nada nem ninguém neste mundo nos tirará o direito à felicidade”, justificou Maduro, nessa declaração.
O Presidente venezuelano decretou a “antecipação” das festividades do Natal em várias ocasiões desde que chegou ao poder em 2013.
Nesse ano, começou “só” a 1 de novembro e Maduro anunciou que os trabalhadores venezuelanos iriam receber dois terços dos seus abonos e pensões nos dias que se seguiam.
Na altura, os críticos afirmaram que esta era apenas uma jogada que servia para angariar votos para as eleições municipais de 8 de dezembro.
“Natal antecipado, vitória antecipada, felicidade antecipada para toda a família”, afirmou Maduro. Curiosamente, nesse ano
Mas a moda pegou.
“Propaganda política”
No ano passado, a Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) condenou a antecipação das festividades natalícias decretada por Maduro rejeitando o uso político do Natal.
“O Natal é uma celebração universal. O modo e o tempo da sua celebração são da competência da autoridade eclesiástica. Esta festividade não deve ser utilizada para fins propagandísticos ou políticos“, explicou a CEV num comunicado divulgado um dia após o anúncio, no início de setembro.
O Natal da Venezuela dá sempre muito que falar. Em 2017, até meteu Portugal ao barulho.
Nesse ano, Maduro acusou Portugal de ter “sabotado” o Natal aos venezuelanos por não entregue o produto a tempo. Na verdade, o não fornecimento deveu-se a pagamentos em atraso.
Já se sabe que, no Natal venezuelano, o pernil não deve faltar. Mas os pagamentos também não.