Para 2026 e 2027 mantém as previsões de crescimento de 2,2 e 1,7 por cento, respetivamente.
Este boletim económico será o último da era Centeno e não terá sido revisto por Álvaro Santos Pereira, que optou por não estar presente na apresentação do mesmo.
As contas nacionais do INE ditaram uma revisão do cálculo, explica o Banco de Portugal. Mas o maior empurrão ao otimismo deve-se a novas medidas de política orçamental, associadas nomeadamente ao IRS: ao alívio fiscal no início do ano somou-se, tal como no ano passado, uma atualização das tabelas de retenção na fonte a meio do ano. Esse aumento do rendimento disponível impulsiona o consumo no fim do ano, o que por sua vez contribui “para a volatilidade do PIB”, nota o supervisor bancário.
As exportações, sem surpresa, tremeram na primeira metade do ano à boleia da incerteza trazida pela nova Administração norte-americana. O BdP admite que as tarifas de Donald Trump abrandaram o crescimento das exportações de bens e tiveram impacto nas margens de lucro das empresas. Contudo, a dimensão tipicamente elevada dessas empresas escuda-as de efeitos mais nefastos.
Riqueza cresce de mão dada com a população residente
Já num horizonte mais alargado, até 2027, o BdP estima uma crescimento da riqueza nacional na ordem dos dois por cento. E muito se deve ao contributo positivo da imigração: o crescimento da população, por via da entrada de mão de obra estrangeira, deverá abrandar mas manter-se uma constante. O banco central prevê que essa dinâmica impulsione a produtividade e crie um mercado de trabalho “mais robusto”.
Mesmo que o emprego abrande um pouco, a taxa de desemprego deverá manter-se nos atuais níveis em torno de seis por cento: um cenário diametralmente oposto àquele que Álvaro Santos Pereira encarou quando foi ministro da Economia e do Emprego, entre 2011 e 2013.
O aumento dos preços também é revisto em alta. A taxa de inflação deverá fixar-se nos 2,2 por cento este ano e estabilizar em torno da meta definida pelo Banco Central Europeu, de dois por cento, ao longo dos próximos anos. É ainda assim uma revisão em alta face ao previsto em junho deste ano.
Emigração jovem em destaque
O boletim de outubro analisa em profundidade o tema da emigração jovem, cada vez mais utilizado como arma de arremesso político. “Queremos introduzir dados e informação nesse discurso”, explica o banco, num encontro com jornalistas esta terça-feira.
A análise conclui que de 2001 a 2011 houve uma quebra “de quase 30” das pessoas nascidas em Portugal, mesmo com um eventual contributo positivo da população imigrante no país. O Banco de Portugal diz que os dados dos Censos apenas revelam que nasceram cá pessoas que, porventura, já não residem cá.
Para isso, foram analisados os censos de outros países “para recolher informação sobre os emigrantes portugueses a residir lá”. Esses dados mostram que para os jovens entre 25 e 34 anos o destino preferencial é, por larga margem, França, onde residem mais de 48 mil jovens portugueses. Segue-se no pódio de destinos o Reino Unido (36 mil), Suíça (33 mil) e só depois Espanha (12 mil).
O rendimento mais elevado é o que continua a atrair os jovens portugueses para outros países, mas pesa muito também “a existência de comunidades emigrantes” nesses destinos.
Já quanto à ideia de uma fuga de cérebros muito evidente, o Banco de Portugal reconhece que, “obviamente, há cada vez mais jovens qualificados a emigrar, mas os residentes também estão a ter esta mesma evolução ao nível de qualificações”, em percentagem superior, até, do que os que saem do país.