“Infelizmente, é de notar que o poderoso impulso gerado por Anchorage [o local do encontro entre Trump e Putin em agosto] (…) esgotou-se”, disse o vice-ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Ryabkov, citado pela agência de notícias RIA Novosti.
Ryabkov diz que “ações destrutivas, principalmente por parte dos europeus”, impediram o avanço das negociações para chegar a um “acordo” sobre a resolução do conflito na Ucrânia. Trump e Putin encontraram-se numa base da força aérea em Anchorage, no Alasca, a 15 de agosto, numa tentativa de pôr fim à guerra na Ucrânia.
O encontro foi mais uma tentativa do presidente norte-americano de se aproximar de Moscovo para tentar encontrar uma solução para a guerra na Ucrânia. No entanto, os esforços têm saído falhados e esta aproximação não levou a qualquer progresso nas negociações entre a Ucrânia e a Rússia.
Donald Trump não tem escondido a sua frustração com o seu homólogo russo, afirmando estar “muito dececionado” com Putin e comparando a Rússia a um “tigre de papel”.
Rússia promete resposta dura se Ucrânia receber mísseis Tomahawk
Neste contexto, as autoridades norte-americanas consideraram recentemente a venda de mísseis Tomahawk de longo alcance a europeus para entrega à Ucrânia.
Donald Trump disse na segunda-feira que gostaria de saber o que a Ucrânia planeia fazer com os Tomahawks antes de concordar em fornecê-los, pois não queria intensificar a guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Disse, no entanto, que “meio que tomou uma decisão” sobre o assunto.
Moscovo respondeu de imediato, alertando para o risco de escalada na guerra da Ucrânia se os Estados Unidos enviarem mísseis Tomahawk para Kiev.
“A nossa resposta será dura, ambígua, comedida e assimétrica. Vamos encontrar formas de prejudicar aqueles que nos causam problemas”, disse Andrei Kartapolov, chefe do comité de defesa do parlamento russo, à agência de notícias estatal RIA.
“Conhecemos muito bem estes mísseis, como voam, como os derrubar; trabalhamos com eles na Síria, por isso não há nada de novo. Os únicos problemas serão para aqueles que os fornecem e para aqueles que os utilizam; é aí que estarão os problemas”, disse.
Na semana passada, Vladimir Putin afirmou que o envio destas armas para Kiev seria “uma nova escalada” entre Moscovo e Washington, uma vez que “a utilização de Tomahawks é impossível sem a participação direta de militares norte-americanos”.
O vice-ministro russo dos Negócios Estrangeiros também instou Washington a avaliar a situação em torno do potencial fornecimento de Tomahawks “com sobriedade”, alertando que qualquer decisão deste tipo seria uma medida séria de escalada que provocaria uma mudança “qualitativa” na situação.
Cinco mortos em ataques na Rússia e na Ucrânia
Três pessoas foram mortas na quarta-feira num ataque com mísseis na região russa de Belgorod e outras duas num bombardeamento na cidade de Kherson, no sul da Ucrânia, anunciaram responsáveis de ambos os países.
No Telegram, o governador da região de Belgorod, Vyacheslav Gladkov, afirmou que um ataque teve como alvo a aldeia de Maslova Pristan, no distrito de Shebekino, na fronteira com a Ucrânia.
Entretanto, no sul da Ucrânia, o governador da região de Kherson, Oleksandr Prokudin, anunciou que dois idosos foram mortos na manhã desta quarta-feira num ataque de tropas russas à cidade de Kherson.
Na terça-feira, a Ucrânia lançou um dos maiores ataques contra a Rússia desde o início da guerra. A Rússia garante que intercetou 184 drones ucranianos.
Por sua vez, a Força Aérea Ucraniana diz que Moscovo atacou a Ucrânia com 183 drones na noite de terça-feira, 154 dos quais foram abatidos.
c/ agências