“Libertámos um monstro. Nunca antes tantas crianças e jovens sofreram de ansiedade e depressão”, afirmou Mette Frederiksen, na terça-feira, na abertura do Folketing, o Parlamento dinamarquês, para anunciar a proposta.
Segundo Mette Frederiksen, “muitas crianças também têm dificuldade em ler e concentrar-se. Nos ecrãs veem coisas que nenhuma criança ou jovem deveria ver”.
“Os telemóveis e as redes sociais estão a roubar a infância dos nossos filhos”, alertou.
No entanto, a primeira-ministra dinamarquesa não especificou quais as redes sociais que as novas medidas afetariam, apenas revelou que abrangeriam “várias” plataformas.
Mette Frederiksen revelou ainda que existira uma opção para os pais darem permissão aos filhos para usarem as redes sociais a partir dos 13 anos.A primeira-ministra citou dados que mostram que 60
por cento dos rapazes dinamarqueses dos 11 aos 19 anos raramente se
encontram pessoalmente com os amigos, enquanto 94 por cento dos alunos
do 7.º ano têm perfis nas redes sociais antes dos 13 anos.
As previsões apontam para que a proibição entre em vigor já no próximo ano.
A Dinamarca também proibiu os telemóveis em escolas e centros extracurriculares e pressionou por regras mais rigorosas em toda a União Europeia para proteger as crianças online.
A ministra da Digitalização, Caroline Stage, considerou o plano “inovador”, admitindo que a Dinamarca foi “demasiado ingénua” ao deixar as crianças para as empresas tecnológicas.
“Já o disse antes e repito: fomos muito ingénuos. Deixámos a vida digital das crianças para plataformas que nunca tiveram o seu bem-estar em mente. Precisamos de passar do cativeiro digital para a comunidade”, acrescentou.Medida tomada em outros países
As declarações da primeira-ministra seguem-se a comentários recentes da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que utilizou o seu discurso sobre o Estado da União, em setembro, para apelar a restrições etárias em toda a União Europeia para o acesso às redes sociais.
Os países da UE estão autorizados a introduzir os seus próprios limites nacionais de idade para o acesso a serviços web, de acordo com as orientações de julho da Comissão sobre a proteção de menores ao abrigo da Lei dos Serviços Digitais do bloco.Os resultados da investigação sobre o impacto das
redes sociais nas crianças e nos jovens estão a obrigar os governos de
todo o mundo a reconsiderar o acesso às redes sociais.
A medida da Dinamarca segue medidas semelhantes em todo o mundo, onde limites de idade mais apertados no TikTok, YouTube, Facebook, Instagram e Snapchat visam proteger as crianças de algoritmos prejudiciais.
Uma comissão parlamentar francesa solicitou no mês passado a proibição das redes sociais para menores de 15 anos e um recolher obrigatório digital para adolescentes, citando a influência prejudicial do TikTok.
Em junho, a Grécia propôs que a União Europeia estabelecesse uma “idade da maioridade digital” que impediria as crianças de aceder às redes sociais sem o consentimento dos pais.
Na Noruega, o primeiro-ministro, Jonas Gahr Støre, afirmou que iria impor um limite mínimo de idade de 15 anos nas redes sociais, elevando-o de 13 anos para 15 anos.
Støre disse no ano passado que seria “uma batalha árdua”, mas que os políticos devem intervir para proteger as crianças do “poder dos algoritmos”.Muitos países implementaram restrições semelhantes, incluindo a Finlândia, Itália, Países Baixos e China.
A Turquia está a planear limites de idade por fases, com o presidente Recep Tayyip Erdogan a alertar que o vício dos ecrãs está a “espalhar-se como uma praga”.
A Austrália apresentou um projeto de lei pioneiro no mundo que proíbe os menores de 16 anos de aceder às redes sociais. Plataformas como o TikTok, Facebook, Snapchat, Reddit, X e Instagram podem enfrentar multas até 33 milhões de dólares por não bloquearem contas de menores.
A Coreia do Sul aprovou uma lei que proíbe os telemóveis e os dispositivos inteligentes durante o horário escolar, a partir de março de 2026.
Entretanto, plataformas como a Roblox estão a reforçar a verificação da idade e o controlo parental após críticas sobre falhas na segurança infantil.
c/ jornais internacionais