Foram injetados e armazenados com sucesso os primeiros volumes de CO₂ no reservatório Aurora, da Noruega, a 2.600 metros sob o leito marinho do Mar do Norte. Este marco assinala o início da primeira instalação mundial de transporte e armazenamento de CO₂ para terceiros.
9 pontos importantes do artigo:
- Primeiro CO₂ injetado sob o mar.
- 2.600 metros de profundidade.
- Fábrica de cimento na Noruega, origem do CO₂.
- Transporte marítimo + tubagem submarina.
- Fase 1: 1,5 milhões de toneladas/ano.
- Fase 2: mínimo 5 milhões de toneladas/ano.
- Projeto pioneiro na Europa.
- Apoio decisivo da Noruega e da UE.
- Referência mundial em captura e armazenamento de carbono.
Primeiro CO₂ armazenado no Northern Lights
As instalações de captura e armazenamento de carbono (CAC) do projeto Northern Lights, localizadas em Øygarden, na Noruega, marcaram um feito mundial: começaram a armazenar CO₂ a 2.600 metros sob o leito marinho do Mar do Norte.
Este passo torna o projeto na primeira infraestrutura aberta a terceiros, um avanço crucial para descarbonizar setores difíceis de eletrificar, como o cimento, o aço e os resíduos urbanos.
O CO₂ provém da fábrica de cimento da Heidelberg Materials em Brevik, onde é capturado, liquefeito e transportado por navio até Øygarden.
A partir daí, é bombeado através de uma tubagem submarina de 100 quilómetros até ao reservatório geológico Aurora, onde fica confinado de forma permanente numa formação salina profunda, sem risco de fuga para o exterior.
Uma infraestrutura com impacto tangível
Este projeto não é uma experiência, mas sim uma solução operacional que reduz diretamente as emissões de gases com efeito de estufa na Europa.
Na sua fase inicial, o Northern Lights poderá armazenar 1,5 milhões de toneladas de CO₂ por ano, uma capacidade já totalmente contratada. É o equivalente às emissões anuais de mais de 320.000 veículos particulares.
O mais relevante aqui não é apenas o volume, mas o modelo: uma cadeia de valor completa e funcional, desde a captura até ao armazenamento, acessível a indústrias de diferentes países.
A participação da Equinor, Shell e TotalEnergies reforça a sua viabilidade técnica e financeira, enquanto o apoio do Governo da Noruega, que cobre cerca de 80% dos custos da primeira fase, foi decisivo.
Rumo a uma ampliação em escala industrial
Com a injeção de CO₂ já em curso, o Northern Lights entrou plenamente na sua fase 2 de expansão, que permitirá armazenar pelo menos 5 milhões de toneladas por ano. O impulso final chegou após a assinatura de um acordo com a Stockholm Exergi, que enviará até 900.000 toneladas de CO₂ por ano a partir da Suécia.
A ampliação inclui a construção de um novo cais, mais tanques de armazenamento em terra e novos poços de injeção, tudo baseado na infraestrutura já existente. No verão de 2025 foram entregues nove novos tanques de CO₂ em Øygarden, o que demonstra o ritmo acelerado do projeto.
Este crescimento foi apoiado pela União Europeia, que atribuiu 131 milhões de euros através do programa Connecting Europe Facility for Energy (CEF Energy).
Este financiamento reafirma o papel estratégico da CAC nos planos climáticos europeus e antecipa um ecossistema transfronteiriço de descarbonização.
Um modelo replicável para a Europa e além
O que distingue o Northern Lights é que não se trata de um projeto isolado. Faz parte do programa Longship, a iniciativa abrangente do Governo da Noruega para desenvolver a captura e armazenamento de carbono em grande escala.
A sua abordagem é aberta e colaborativa: qualquer empresa emissora de CO₂ que cumpra os requisitos técnicos pode utilizar a infraestrutura. Este tipo de plataforma partilhada reduz significativamente os custos unitários para empresas mais pequenas ou sem acesso a infraestrutura própria.
Nesse sentido, o Northern Lights abre caminho para uma descarbonização mais democrática e rápida, algo essencial para cumprir os objetivos do Acordo de Paris.


