Canetas emagrecedoras: entenda a diferença dos medicamentos disponíveis no mercado brasileiroFoto: Freepik/ND
O município de Chapecó, no Oeste de Santa Catarina, ampliou as ações do programa de prevenção e tratamento da obesidade e passou a oferecer canetas emagrecedoras de Liraglutida para auxiliar no tratamento pré-cirurgico de bariátrica.
Especialista explica a diferença entre Liraglutida (Saxenda, Olire e Victoza), Semaglutida (Ozempic) e Tirzepatida (Mounjaro), que fazem parte do mesmo grupo farmacológico.
De acordo com a endocrinologista e médica cooperada da Unimed Chapecó, Vanessa Bittencourt de Almeida Tavarone, os medicamentos Liraglutida e Semaglutida são denominados de análogos ou agonistas do GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon tipo 1), um hormônio produzido pelas células do intestino. Já a Tirzepatida é um agonista duplo GLP-1 e GIP.
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“Esses hormônios têm uma ação central de regulação da fome e saciedade no hipotálamo, e também retarda o esvaziamento gástrico. Então, isso colabora para uma melhora da sensação de saciedade e por isso os efeitos adversos mais frequentes destes medicamentos são os gastrointestinais: náusea, constipação ou diarreia”, explica a endocrinologista.
Iniciativa do município de Chapecó reforça o cuidado integral com pacientes em pré-cirurgia bariátricaFoto: Divulgação/Prefeitura de Chapecó/NDEntenda a diferença entre as canetas emagrecedoras:
- Liraglutida: requer aplicação diária; enquanto molécula – comparada com os outros componentes – leva a uma redução menor de peso, em torno de 6% a 16% do peso corporal; costuma resultar em mais náuseas durante o tratamento e reação alérgica no local da aplicação.
- Semaglutida: pode ser aplicada semanalmente; ela contribui para um percentual maior de peso no comparativo com a Liraglutida; e os efeitos colaterais têm menos intensidade.
- Tizerpatida: pode ser aplicada semanalmente; dos três é o que mais contribui para redução de peso e controle glicêmico; cerca de 60% dos pacientes conseguem atingir uma perda de peso de até 20% com o tratamento; e tem maior adaptação ao tratamento.
Escolha da caneta emagrecedora
Segundo a especialista, o que determina a escolha de um tratamento ou outro é a comodidade posológica, que são discutidos com o paciente, ou seja, a aplicação semanal ou diária e o potencial do medicamento.
“E também precisa ser discutido com o paciente a questão de custo. A Liraglutida vem com a promessa de ter um valor mais acessível, o que passa a ser uma opção mais viável”, analisa Vanessa.
Ainda entre os critérios analisados, a especialista destaca o quadro de sobrepeso ou obesidade grau 1 ou 2 e as doenças crônicas presentes.
Chapecó passa a oferecer canetas emagrecedoras para auxiliar no tratamento da obesidadeFoto: Freepik/NDContraindicações das canetas emagrecedores
A endocrinologista antecipa que é contraindicado a utilização dessas canetas injetáveis aos pacientes que tiveram pancreatite – que é uma inflamação grave do pâncreas –, e a pessoa que esteja em fase aguda de uma doença inflamatória intestinal. Uma contraindicação relativa é se a pessoa tem refluxo gastroesofágico.
“Não há contraindicações para doenças hormonais mais conhecidas, como tireoide, por exemplo, ou diabetes. Inclusive a primeira indicação desses medicamentos é para o tratamento do diabetes tipo 2”, reforça Vanessa.
Estudos apontam que a utilização desses fármacos é segura e tem contribuído para reduzir os riscos cardiovasculares e auxiliado na proteção renal.
“Há também evidências mostrando benefício em pacientes que têm osteoartrite, Síndrome da apneia obstrutiva do sono, no tratamento da esteatose hepática (gordura no fígado), da esteato-hepatite (inflamação no fígado) e em doenças neurodegenerativas, porque esses medicamentos têm um efeito anti-inflamatório”, comenta a especialista.