A DS acaba de renovar o seu Nº4. Tem um novo nome, está mais distinto e conta com uma gama revista, à qual não falta um eficiente Hybrid 145.

DS Nº4 145 Hybrid
Primeiras impressões

7.5/10

O novo DS Nº4 tem nome de perfume, mas cheira a desafio para os alemães do costume.

Prós

  • Estética elegante e diferenciada
  • Comportamento eficaz
  • Bagageira ampla
  • Versão 100% na gama

Contras

  • Espaço na segunda fila de assentos
  • Botões de bloqueio de vidros e portas
  • Sem ajuste de climatização atrás
  • Sonoridade do motor em regimes mais elevados

O DS Nº4 é a mais recente evolução do compacto premium francês e chega com a ambição de reforçar o seu estatuto frente aos rivais alemães. Esta terceira geração apresenta-se mais refinada e com um novo nome — “Nº4”, numa associação inevitável ao perfume Chanel Nº5 — que pretende sublinhar o lado mais distinto e sofisticado da marca francesa. Finesse oblige.

A atualização estética é discreta, mas eficaz. Muitas das superfícies cromadas foram substituídas por elementos em preto brilhante, numa lógica de “menos é mais” que acentua a elegância e a pureza das linhas.

DS N°4 - 3/4 de traseira© DS Automobiles As alterações não foram substanciais mas o resultado final é manifestamente feliz.

Na dianteira, destacam-se os faróis Matrix LED (nas versões de topo Etoile) e o feixe de luz que percorre as extremidades do para-choques até convergir no logótipo iluminado, ao centro.

Já na traseira, a nova assinatura luminosa com “máscara negra” e escamas em relevo gravadas a laser reforça o caráter exclusivo, agora acompanhado pela inscrição “DS Automobiles” — elemento que passará a figurar em todos os modelos da marca.

Híbrido “mild” e elétrico são novidade

Na gama de motores, o anterior PureTech 130 dá lugar ao novo Hybrid 145, com um sistema mild hybrid que combina o motor 1.2 Turbo de três cilindros com um motor elétrico integrado na caixa automática de dupla embraiagem. É a versão que, para já, faz mais sentido. A performance é suficiente e os consumos são interessantes.

Mais adiante chegará o híbrido plug-in de 225 cv, com uma autonomia elétrica aumentada para 81 km, e a versão 100% elétrica E-Tense de 213 cv e 450 km de autonomia. Em 2026, juntar-se-á ainda uma opção Diesel, completando a oferta de soluções em termos de energia.

As dimensões mantêm-se inalteradas — 4,40 m de comprimento, 1,87 m de largura e 1,47 m de altura — assim como a plataforma EMP2, reforçada com aços de maior qualidade e mais pontos de soldadura, o que garante maior rigidez estrutural. A arquitetura pode já acusar a idade face à futura STLA Média, mas continua a servir de base sólida para um compacto que aposta na distinção e no requinte como os principais argumentos.

Mais qualidade do que quantidade

A nova geração do DS Nº4 dá a entender que no habitáculo há “mais qualidade do que quantidade” — uma percepção que é quase imediata. A marca francesa apostou numa clara melhoria dos acabamentos, com materiais de elevada qualidade e uma montagem cuidada.

Os revestimentos alcatifados nas bolsas das portas e no porta-luvas, a pele genuína e o Alcantara aplicado na faixa central do tabliê (nas versões Etoile) contribuem para um ambiente requintado, sem recorrer ao excesso decorativo.

DS N°4 - interior© DS Automobiles O painel de instrumentos é novo, maior e com um grafismo mais nítido, oferecendo menus fluidos e de leitura intuitiva.

O ecrã central de 10’’ segue a mesma linha, partilhando arquitetura com o do DS Nº8 e que também integra o sistema DS Iris, agora com capacidade de “conversação” assistida por IA através do ChatGPT. O resultado é um sistema mais responsivo e sofisticado, alinhado com as expectativas do segmento premium.

Entre os equipamentos a destacar, o head-up display surge como um dos melhores da classe — tanto em luminosidade como em definição — e merece ser incluído na configuração. Também se saúda a permanência de botões físicos para a climatização, embora os pictogramas sejam pequenos e de leitura pouco imediata. Menos compreensível é a disposição invertida dos botões de bloqueio de portas e vidros, uma escolha de design que privilegia a originalidade em detrimento da ergonomia.

Na frente, a consola central é baixa e aberta, o que melhora a sensação de espaço. O seletor da transmissão dá lugar a simples botões PRND e, ao lado, estão os comandos do volume do sistema de som e o seletor dos modos de condução. A zona inferior integra um compartimento com tampa e um carregador de smartphone por indução, de acesso fácil e bem integrado.

Atrás, o espaço é mais contido. O DS Nº4 oferece saídas de ventilação dedicadas, mas sem controlo de temperatura ou intensidade — algo que se esperaria num modelo deste posicionamento. O espaço para as pernas é aceitável, mas a altura até ao tejadilho é limitada, sobretudo nas versões com teto de abrir.

O túnel central é baixo, o que ajuda o passageiro do meio, mas o óculo traseiro estreito e os pilares volumosos reduzem a visibilidade posterior. A câmara de estacionamento, felizmente, compensa essa limitação.

Ao volante do mild hybrid

O ensaio ao DS Nº4 decorreu no Porto, cidade escolhida pela marca francesa para apresentar a versão Hybrid 145, aquela que deverá concentrar a maioria das vendas em Portugal e na Europa.

A escolha faz sentido: é a motorização mais equilibrada da gama e substitui com vantagem o anterior PureTech 130, uma vez que agora inclui um sistema mild hybrid mais eficiente e suave.

DS N°4 - Joaquim Oliveira© DS Automobiles Mesmo nos pisos mais degradados, o DS Nº4 mantém a postura “francesa”, privilegiando o conforto.

O conjunto combina o motor 1.2 turbo de três cilindros e 136 cv a gasolina com um motor elétrico de 21 kW (29 cv) e 55 Nm, alimentado por uma pequena bateria de 0,49 kWh (úteis). A potência total de 145 cv funciona em conjunto com a tração dianteira e com uma caixa automática de dupla embraiagem e seis velocidades. O resultado é uma entrega de potência progressiva e uma resposta imediata nas baixas rotações, fruto do apoio elétrico que reduz o atraso típico do turbo.

Em estrada, o DS Nº4 mostra um comportamento sólido e previsível. A suspensão, com eixo traseiro de torção, mantém um bom compromisso entre conforto e estabilidade, ainda que os rivais com eixos independentes (como o A3 ou o Série 1) consigam algo mais. As vias largas e a carroçaria baixa contribuem para uma sensação de segurança em curva, e os pneus 205/55 R19 ajudam a controlar bem o rolamento.

A direção é precisa e suficientemente comunicativa. O pequeno diâmetro do volante reforça a sensação de agilidade, tornando a condução mais envolvente. A caixa de dupla embraiagem funciona com suavidade e rapidez, podendo ser controlada manualmente através das patilhas no volante. As passagens de relação são bem calibradas e o sistema respeita as instruções do condutor sem hesitações.

Modos de condução

Os modos de condução — Eco, Normal e Sport — alteram sobretudo a resposta do acelerador e o peso da direção. O DS Nº4 revela-se mais reativo em Sport, enquanto no modo Eco privilegia o conforto e a eficiência. A sonoridade do motor de três cilindros é o ponto menos positivo: em carga mais intensa, o ruído torna-se evidente, contrastando com a boa insonorização geral do habitáculo.

Em cidade, o sistema híbrido mostra-se particularmente eficaz. O motor de combustão chega a estar desligado grande parte do tempo em tráfego denso, permitindo circular em modo elétrico durante curtos períodos.

Num percurso misto, o consumo médio registado foi de 7,9 l/100 km, acima dos 5,2 l/100 km homologados, mas aceitável face ao ritmo de ensaio e às características do trajeto. Numa toada mais calma — o que nem sempre aconteceu… — este valor estaria seguramente muito mais próximo do anunciado.

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DS Nº4 já disponível

Já disponível para encomenda em Portugal, o DS Nº4 Hybrid 145 tem preços a partir de 37 550 euros, enquanto a versão 100% elétrica E-Tense começa nos 46 850 euros. Com esta gama, o compacto francês posiciona-se entre os rivais premium de entrada, oferecendo mais equipamento de série e um design mais distinto.

A estratégia é clara: reforçar o apelo deste Nº4 junto de quem procura um automóvel compacto, eficiente e com uma imagem diferenciada dos habituais alemães. O futuro híbrido plug-in de 225 cv deverá completar a oferta no topo da gama, e a chegada de uma versão Diesel em 2026 garantirá uma resposta mais direta a quem privilegia longas distâncias e consumos baixos.

DS N°4 - 3/4 de frente© DS Automobiles

DS Nº4 145 Hybrid
Primeiras impressões

7.5/10

Mais refinado e elegante por dentro e por fora, o renovado DS Nº4 concede o direito à diferença a quem procura um compacto premium que não seja alemão. O espaço é algo limitado na segunda fila, mas a bagageira compensa pela amplitude. Mostra um comportamento equilibrado e competente, com prestações medianas e um motor que se torna demasiado audível quando dele se exige mais.

Prós

  • Estética elegante e diferenciada
  • Comportamento eficaz
  • Bagageira ampla
  • Versão 100% na gama

Contras

  • Espaço na segunda fila de assentos
  • Botões de bloqueio de vidros e portas
  • Sem ajuste de climatização atrás
  • Sonoridade do motor em regimes mais elevados
DS Nº4 Hybrid 145 Motor (combustão) Arquitetura 3 cilindros em linha Posicionamento Dianteiro, transversal Capacidade 1199 cm3 Distribuição 2 a.c.c. / 4 válv. por cilindro (12 válv.) Alimentação Injeção direta com turbo Potência 136 cv às 5500 rpm Binário 230 Nm às 1750 rpm Motor (elétrico) Potência 21 kW (29 cv) Binário 55 Nm Capacidade da bateria 0,89 kWh (0,49 kWh úteis) Rendimento total sistema 145 cv Transmissão Tração Dianteira Caixa de velocidades Automática de dupla embraiagem com 6 vel. Chassis Suspensão FR: Independente, MacPherson
TR: Eixo de torção Travões FR: Discos ventilados
TR: Discos Direção Assistência elétrica Dimensões e Capacidades Comp. x Larg. x Alt. 4400 mm x 1886 mm x 1490 mm Distância entre eixos 2675 mm Capacidade da mala 360 l Capacidade do depósito 52 l Pneus 205/55 R19 Peso 1454 kg Prestações e consumos Velocidade máxima 203 km/h 0-100 km/h 9,4s Consumo misto 5,2 l/100 km Emissões de CO2 116 g/km

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