É húngaro, tem 71 anos. Escreveu “O Tango de Satanás”, viveu durante algum tempo no apartamento de Allen Ginsberg
O escritor húngaro Laszlo Krasznahorkai, de 71 anos, é o vencedor do Prémio Nobel da Literatura de 2025, anunciou a Academia Sueca, sublinhando a sua “obra convincente e visionária que, no meio do terror apocalítico, reafirma o poder da arte”.
“László Krasznahorkai é um grande escritor épico, na tradição centro-europeia que se estende de Kafka a Thomas Bernhard e que se caracteriza pelo absurdo e pelo excesso grotesco”, diz a Academia. “Mas há mais cordas no seu arco – também olha para o Oriente, adoptando um tom mais contemplativo e finamente calibrado.” Susan Sontag chamou-lhe “o mestre húngaro contemporâneo do apocalipse”.
Nascido em Gyula, na Hungria, em 1954, Krasznahorkai deixou a sua marca com o romance de estreia “Sátántangó”, (“O Tango de Satanás”, publicado em Portugal pela Antígona) de 1985, um retrato sombrio sobre uma comunidade rural em colapso. O romance viria a ganhar o prémio de Melhor Livro Traduzido em Inglês quase três décadas depois, em 2013.
Muitas vezes descrito como pós-moderno, Krasznahorkai é conhecido pelas suas frases longas e sinuosas, pelos temas distópicos e melancólicos e pelo tipo de intensidade implacável que levou os críticos a compará-lo a Gogol, Melville e Kafka. “O Tango de Satanás” foi adaptado a um filme de sete horas pelo realizador Béla Tarr, com quem Krasznahorkai tem uma longa parceria criativa. Béla Tarr viria a transformar em filme mais quatro livros de Krasznahorkai , entre os quais “A Melancolia da Resistência” e “O Cavalo de Turim”, que foi selecionado como representante da Hungria aos Óscares de 2011.
Krasznahorkai deixou a Hungria comunista pela primeira vez em 1987, passando um ano em Berlim Ocidental para uma bolsa de estudos e mais tarde inspirou-se na Ásia Oriental – particularmente na Mongólia e na China – para obras como “O Prisioneiro de Urga” e “Destruição e Tristeza Sob os Céus”. Enquanto trabalhava em “Guerra e Guerra”, viajou muito pela Europa e viveu durante algum tempo no apartamento de Allen Ginsberg em Nova Iorque, descrevendo o apoio do lendário poeta beat como crucial para a conclusão do romance.
Em 2015, Krasznahorkai tornou-se o primeiro escritor húngaro a ganhar o prémio Man Booker International.
Em Portugal, tem ainda publicado os livro “Herscht 07769” (pela editora Cavalo de Ferro).
O Nobel da Literatura é um prémio concedido anualmente desde 1901 pela Academia Sueca a autores que fizeram notáveis contribuições ao campo da literatura e tem um valor pecuniário superior a 900 mil euros. Distinguiu até à data 122 escritores, dos quais 104 são homens e 18 mulheres.
O escritor José Saramago ganhou o Nobel em 1998. Foi, até agora, o único autor português e o único escritor de língua portuguesa a vencer o Prémio Nobel da Literatura.
No ano passado o Nobel foi para Han Kang. Antes dela, os premiados foram Jon Fosse, Annie Ernaux, Abdulrazak Gurnah e Louise Gluck.