Entre lançamentos recentes e edições antigas, apresentamos um cardápio de obras, dos mais diversos géneros literários.

As nossas sugestões permitem-lhe explorar diferentes narrativas, que prometem fazê-lo viajar nas páginas de um livro. Veja o que reservamos para si e conheça os cinco livros da semana. Não se esqueça de dar-nos a sua opinião sobre as nossas propostas e dizer-nos que títulos gostaria de ver por aqui. Boas Leituras!

 

“INVENTÁRIO DA SOLIDÃO”, de João Tordo, lançado em outubro de 2025, pela Companhia das Letras

«Ao fim de quase quarenta anos de silêncios e ausências, um antigo grupo de colegas da faculdade reúne-se na Irlanda para um último adeus a Rebecca Connelly, cuja morte, súbita e inesperada, traz ao de cima fantasmas há muito enterrados.

De todos a mais intrépida, mas também a mais inconstante, ninguém poderia imaginar o rumo que a vida de Becca levaria, nem a devastação que traria na sua esteira. Ninguém, excepto o rapaz que a amou durante os tempos de faculdade – o narrador, agora sexagenário, que tenta ainda fazer sentido de todos os caminhos que trilharam o seu destino.

Será que na revisitação desse passado de segredos encontrará resposta para a solidão que o consome? Conseguirá ele, com a morte do seu primeiro amor, apaziguar-se com o rapaz que foi e o homem que se tornou?

Mais do que um romance sobre o vazio que os grandes amores deixam em nós quando terminam, Inventário da solidão é um livro poderoso sobre as doenças invisíveis que corroem o espírito, as matérias perigosas de que todos somos feitos.»

 

“O PRENÚNCIO DAS ÁGUAS”, de Rosa Lobato de Faria, editado em abril de 2002, com chancela Edições Asa

«Tendo como pano de fundo Rio dos Anjos, uma pequena aldeia condenada a ficar submersa pelas águas de uma futura barragem, cinco narradores falam de si, do passado, do presente e do futuro, inundado de ausência. Através dos seus testemunhos, vai-se construindo um panorama de amor, ciúme, traição e vingança, à medida que a aldeia caminha para um fim inevitável.»

Excerto:

«A nossa vida em Lisboa não faz sentido nenhum. Nenhum.

Continuamos à espera não sei de quê, acho que nunca existiram três mulheres tão inúteis, tão incertas, tão infelizes. Sim, é isso. Escolhemos a infelicidade como modo de vida, tecemos as malhas da nossa incerteza, tricotamos, em agulhas de raiva e lãs de medo, a nossa total inutilidade. Destestamo-nos mas não podemos separar-nos porque dependemos umas das outras para sermos desgraçadas.»

 

“CANCIONEIRO – PARTITURAS, CIFRAS E LETRAS”, de Pedro Abrunhosa, editado em outubro de 2025, com selo Contraponto Editores

«O songbook que reúne as mais emblemáticas composições de Pedro Abrunhosa.»

Excerto:

«Como será escrever uma canção?

O que sentirá alguém que escreve uma canção e depois percebe que ela ganha vida e corpo na sua voz e também naqueles que, mais tarde, a irão reproduzir e cantar também? Fico sempre a pensar nisto. Fico genuinamente a pensar nisto e no misto de entusiasmo das canções que se tornam bem-sucedidas e das outras, as canções que vão diretamente para o balde do lixo. Ou talvez para um planeta onde vivem e são cantadas as canções que não tiveram sucesso algum.

Este livro que agora é lançado não tem nenhuma desse planeta que muitos – pelas razões que facilmente adivinharão – querem que seja distante. Pelo contrário, todas elas têm uma vida. Sim, uma vida. Uma canção tem uma vida igual à nossa, só que muitas delas, ao contrário de nós, tornam-se imortais.» Fernando Alvim, no prefácio

 

“DIÁRIO DOS INFIÉIS”, de João Morgado, numa edição da Casa das Letras, de fevereiro de 2017

«Quatro casais, oito personagens e a pergunta que nos assalta quando percebemos o fim: ainda me amas?

Não sabem o que os faria felizes, nem se lembram do dia em que sentiram o peso da solidão, em que se amaram ou se desejaram. Hoje, não se reconhecem, não têm coragem para mudar de vida, para assumir o fim e procurar noutro amor o caminho de volta para o compromisso maior: ser feliz.

Num diário de emoções íntimas, falam na primeira pessoa do que sentem em relação a si e aos outros. Concluem que, cada um à sua maneira, todos foram infiéis: por actos, pensamentos ou omissões.

Com vidas entrelaçadas, cada um descreve no diário a sua viagem pelo mundo do sexo, do desejo, do pudor, do egoísmo, do amor-próprio, do envelhecimento, do sonho, da morte… Enfim, a matéria-prima da qual é feita a existência de gente vulgar. Sobre nós ninguém escreverá um romance, diz uma das personagens. Talvez desconhecendo que todos os dias a vida nos ensina o contrário.»

Excerto:

«..Perdi as ilusões quando aos meus sonhos os outros chamaram loucura…e eu, acreditando neles, enlouqueci.»

«A paixão não morre pelo que se diz, mas sempre pelas palavras nunca ditas. Nada é mais deserto que o vazio da palavra que ficou por nascer.»

 

“ESTE LIVRO QUE VOS DEIXO”, de António Aleixo, editado em agosto de 2009, com chancela Casa das Letras.

«António Aleixo compõe e improvisa nas mais diversas situações e oportunidades. Umas vezes cantando numa feira ou festa de aldeia, outras, a pedido de amigos que lhe beliscam a veia; ora aproveitando traços caricaturais de pessoas conhecidas, ora sugestionando por uma conversa de tom mais elevado e a cuja altura sobe facilmente.

O que caracteriza a poesia de António Aleixo é o tom dorido, irónico, um pouco puritano de moralista, com que aprecia os acontecimentos e as acções dos homens.»

Excerto:

Sei que pareço um ladrão…

Mas há muitos que eu conheço

Que, sem parecer o que são,

São aquilo que eu pareço.

 

Sou humilde, sou modesto;

Mas, entre gente ilustrada,

Talvez me digam que eu presto,

Porque não presto nada.