Pico do fenômeno foi registrado pelo Observatório Heller & Jung.Observatório Heller & Jung / Divulgação
Mais de mil meteoros cruzaram o céu do Rio Grande do Sul entre a noite de quarta-feira (30) e madrugada desta quinta (31). O fenômeno, registrado pelo Observatório Heller & Jung, em Taquara, é resultado do pico de atividade da chuva Delta Aquáridas Sul.
Ao todo, foram registrados 1.044 corpos celestes em aproximadamente nove horas. Embora o período de maior atividade da Delta Aquáridas Sul já tenha passado, o fenômeno seguirá visível até a noite de 23 de agosto (veja abaixo dicas de como observar).
O melhor horário para observar meteoros, segundo o diretor do Museu do Observatório Astronômico da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Gabriel Soares, é durante a madrugada.
— O aquário vai nascer no leste a partir das 20h e vai subindo até chegar no ponto mais alto, por volta das 2h da manhã. Quando estiver bem alto no céu, vai ser um dos melhores momentos para conseguir observar esse fenômeno. A minha indicação é durante a madrugada, entre 1h e 3h, podendo chegar até as 4h — explica Soares, que ainda destaca a posição privilegiada do Rio Grande do Sul para observar o fenômeno por estar no Hemisfério Sul.
Soares ainda explica que os meteoros observados são, na verdade, detritos ou “pequenos pedaços” de rochas e astros e cometas que orbitaram o sol em algum momento. Durante o movimento da Terra ao redor do sol, ela passa por este “rastro de poeira” deixado, o que caracteriza a chuva de meteoros:
— Quando isso acontece, esses detritos entram em contato com a atmosfera da Terra. E a atmosfera da Terra nesses locais muito mais altos, tipo, quilômetros e quilômetros de altura, é muito quente. Isso gera uma combustão e aí a gente enxerga esses pontos brilhantes.
A boa notícia é que a chuva de meteoros Delta Aquáridas Sul é um fenômeno astronômico anual. Ou seja, voltará a iluminar o céu do Estado nos próximos anos.
Fireball
Durante o seu pico de atividade, na madrugada desta quinta-feira, a chuva de meteoros veio acompanhada daquele que é conhecido como fireball (bola de fogo, na tradução livre).
Conforme o professor Carlos Fernando Jung, do Observatório Heller & Jung, a passagem do meteorito durou cerca de 0.8 segundos.
— O meteoro ingressou na atmosfera a 99 km de altitude e se extinguiu sobre a costa do RS, ao Sul a 80,7 Km de altitude — conta.
Em outubro de 2024, outro meteoro do tipo fireball foi registrado sobre o céu do Rio Grande do Sul. O primeiro em oito anos.
Dicas para observar
Quanto menor a luminosidade no ambiente, melhor será a visualização da chuva de meteoros. Gabriel Soares destaca que a visibilidade pode ser afetada em centros urbanos, como o centro de Porto Alegre, por exemplo.
Por isso, quem deseja observar os meteoros deve buscar um lugar onde há pouca luz, afastado da cidade.
Calendário astronômico de 2025
Eclipses
Em 2025, o fenômeno acontece quatro vezes, tanto na forma solar quanto na lunar. A diferença está na posição dos astros.
No eclipse solar, a Lua está posicionada entre a Terra e o Sol. No momento do alinhamento entre os corpos celestes, o satélite consegue “tapar” o brilho solar, escurecendo os céus parcial ou totalmente.
Já no eclipse lunar, a disposição é ao contrário: é a Terra que está entre o Sol e a Lua. Nesses casos, grande parte da luz solar passa pela atmosfera e atinge a superfície da estrela que orbita nossa planeta.
Quando a Lua se move para a parte interna da sombra da Terra, o brilho do Sol ilumina a superfície lunar por completo.
Já aconteceram dois eclipses em 2025. Os restantes ocorrem nas seguintes datas:
- 7 a 8 de setembro: Eclipse lunar total (não visível no Brasil)
- 21 de setembro: Eclipse solar parcial (não visível no Brasil)
Superluas
A superlua ocorre quando a Lua Cheia coincide com o perigeu, seu ponto de órbita mais próximo da Terra, o que a torna cerca de 14% maior e 30% mais brilhante do que uma Lua Cheia comum.
Em 2025, o evento deve acontecer três vezes, nos dias 6 de outubro, 5 de novembro e 4 de dezembro.
Cometas
Após a passagem do C/2023 A3 Tsuchinshan-ATLAS, conhecido como “cometa do século”, em 2024, será possível observar outros três fenômenos do tipo neste ano. Um já ocorreu, em fevereiro. Restam dois:
- 210P/Christensen: o período de visibilidade será de outubro a dezembro, sendo visível por meio de telescópios.
- 24P/Schaumasse: será necessário o uso de pequenos telescópios para visualizar o cometa previsto para os meses de dezembro a janeiro de 2026
*Produção: Lucas de Oliveira