Quando se pergunta a uma inteligência artificial ou a um morador da capital paulista qual é o prédio mais antigo de São Paulo, a resposta quase sempre é o Edifício Martinelli. A imponente construção à beira do Vale do Anhangabaú é, de fato, uma joia da arquitetura e da história paulistana. Contudo, engana-se quem acredita que este foi o primeiro prédio da capital.
O Edifício Martinelli é um marco da verticalização de São Paulo e foi o primeiro edifício da cidade a ultrapassar os 30 andares. Mas ele não foi o pioneiro.
O Sampaio Moreira: o primeiro “arranha-céu” de São Paulo
Antes do Martinelli, o título de “arranha-céu” pertencia ao Edifício Sampaio Moreira, localizado na Rua Líbero Badaró, 346. Inaugurado em 1919 com 12 andares, o prédio hoje abriga a Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo e foi símbolo do progresso urbano da cidade no início do século XX.
Edifício Sampaio Moreira
O verdadeiro pioneiro: Edifício Guinle
Antes mesmo do Sampaio Moreira, foi erguido o Edifício Guinle. Com sete andares e 36 metros de altura, ele foi inaugurado em 1913 e é considerado o primeiro arranha-céu da história de São Paulo.
Construído em estilo Art Nouveau, o prédio rompeu com a estética tradicional da época, dominada pela arquitetura portuguesa, e se destacou por introduzir linhas modernas e ousadas. Localizado na Rua Direita, 49, o edifício simbolizou uma nova era na paisagem urbana paulistana.
Edifício Guinle
Na época, a cidade era composta majoritariamente por construções de até dois andares. Por isso, o Guinle causou espanto entre engenheiros e autoridades. O então prefeito, Barão de Duprat, chegou a exigir estudos técnicos para comprovar que um prédio de sete andares poderia se manter de pé.
De símbolo familiar a patrimônio histórico
O edifício foi construído para abrigar a sede das empresas da família Guinle, que mais tarde seria responsável pela construção do icônico Copacabana Palace. Com o passar das décadas, a influência dos Guinle diminuiu, especialmente após a transferência da capital federal para Brasília.
Atualmente, o Edifício Guinle pertence à Mundial Calçados, que mantém uma loja no térreo. O prédio foi restaurado em 2011 e continua sendo um símbolo do pioneirismo arquitetônico paulistano e um marco da história da verticalização de São Paulo.