Foi já de madrugada que o Governo de Israel deu luz verde à execução da primeira fase do acordo de cessar-fogo, que abre caminho à suspensão das hostilidades e à libertação de todos os reféns mantidos em Gaza.

“O Governo acaba de aprovar o acordo para a libertação de todos os reféns – os vivos e os mortos”, anunciou o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, na rede social X.

O executivo de Benjamin Netanyahu esteve reunido várias horas antes da votação final do documento, que será assinado esta sexta-feira, no Egito.

A primeira fase foi aprovada apesar da oposição de elementos da extrema-direita do Governo de Benjamin Netanyahu, incluindo o ministro israelita da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir.

Apesar da luz verde, não está claro quando é que o cessar-fogo entrará oficialmente em vigor. Segundo a Reuters, um porta-voz do Governo israelita disse que o cessar-fogo entraria em vigor dentro de 24 horas após a aprovação do acordo pelo Governo. Após este período de 24 horas, os reféns mantidos em Gaza seriam libertados no prazo de 72 horas.

Apesar disso, o chefe do Hamas diz ter recebido garantias dos EUA e dos mediadores de que a guerra “terminou completamente”.

Tropas israelitas começam a recuar


As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) terão iniciado a retirada para as linhas de mobilização definidas no acordo de cessar-fogo de Gaza, segundo anunciou um responsável da Defesa Civil de Gaza.


“As forças israelitas retiraram-se de várias zonas da Cidade de Gaza”, disse Mohammad Al-Mughayyir, diretor do Departamento de Ajuda Humanitária e Cooperação Internacional da organização. 


Em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, “os veículos israelitas retiraram-se das partes sul e central da cidade para as zonas leste”, acrescentou.

Este acordo, assinado na noite de quarta-feira no Egipto, faz parte de um plano de paz de 20 pontos para Gaza, anunciado pelo presidente norte-americano, Donald Trump, a 29 de setembro.


Segundo o plano, o exército israelita tem 24 horas para recuar no terreno, mas manterá o controlo de 53% da Faixa de Gaza. O Hamas, por sua vez, tem 72 hora para libertar os reféns. De seguida, Israel terá de libertar dois mil prisioneiros palestinianos.
Das 251 pessoas raptadas e levadas para Gaza no ataque de 7 de outubro de 2023, 47 permanecem reféns, das quais pelo menos 25 estão mortas, segundo o exército israelita.

Para além disso, com a entrada em vigor do acordo, fica também autorizada a entrada em Gaza de 400 camiões por dia com ajuda humanitária.

Qual o próximo passo?

As negociações para a segunda fase do plano de Trump deveriam começar “imediatamente” após a assinatura do acordo da primeira fase, de acordo com um responsável do Hamas.

O acordo pressupõe o desarmamento do Hamas e a retirada das tropas israelitas do enclave. Donald Trump garantiu, na quinta-feira, que tal “desarmamento” e “retirada” iriam ocorrer, mas não forneceu um calendário. Esta segunda fase do acordo promete ser mais exigente, uma vez que o movimento palestiniano tem recusado repetidamente as exigências de Israel para o desarmamento.

O acordo prevê ainda a criação de um “comité de paz” presidido pelo próprio Trump para supervisionar o Governo de transição em Gaza.

Duzentos soldados norte-americanos serão também mobilizados para Israel para “supervisionar” e “observar” a implementação do acordo de paz em Gaza. No entanto, não está previsto o envio de tropas norte-americanas para o enclave palestiniano.


O Comando Central das Forças Armadas dos EUA vai criar uma task-force, conhecida como Centro de Coordenação Civil-Militar, ou CMCC. A função do CMCC será facilitar o fluxo de assistência para Gaza, incluindo assistência de segurança e ajuda humanitária, segundo explicaram autoridades norte-americanas.