O Vitória de Guimarães reagiu, em comunicado, às declarações proferidas pelo presidente do FC Porto, André Villas-Boas, durante a Portugal Football Summit. Os vimaranenses defenderam que o dirigente dos dragões especulou sobre o comportamento dos investidores dos clubes portugueses face à receita proveniente de uma eventual centralização dos direitos televisivos.

Villas-Boas utilizou o clube vitoriano como um exemplo da tendência de injeção de capital estrangeiro em clubes portugueses na última década: «30% do V. Guimarães foi comprado por 5,5 milhões de euros. Se pensarmos numa centralização onde vai haver, esperemos nós, uma injeção de capital, se uma entidade antecipa esse capital de direitos televisivos para determinado investidor, quem é que nos diz que esses investidores não recolhem o seu investimento e desaparecem?»

Villas-Boas defende que a receita dos direitos televisivos pode figurar num «‘el dorado’ para determinados investidores», antes de desaparecerem e provocarem a «miséria» de alguns clubes. Os vimaranenses respondem em tom irónico, garantindo ao presidente do FC Porto que «não se precisa de preocupar» com a situação financeira do clube.

«Apesar de entendermos o interesse no Vitória Sport Clube, dispensamos intromissões exteriores, sobretudo com falta de conhecimento. A Sociedade Desportiva do Clube tem a V Sports como parceiro, um grupo sólido, credível e com provas dadas no mundo do desporto e que está longe de ser uma ameaça conforme aponta a narrativa que o presidente do FC Porto quis fazer passar», reiterou o Vitória.

Os conquistadores garantem que têm uma «administração que zela permanentemente pelos superiores interesses» do clube, antes de recordarem que «todas as decisões estruturais tomadas pelo atual Conselho de Administração da SAD são sempre apreciadas e votadas em assembleias gerais» pelos sócios.

«Não decalcamos gestões de outras SAD», responderam os vitorianos, que firmaram uma parceria económica com o fundo V Sports, em fevereiro de 2023. O clube manteve-se, todavia, como o acionista maioritário.

Comunicado completo do Vitória Sport Clubes

O senhor presidente do FC Porto, André Villas-Boas, resolveu especular nesta sexta-feira, no Portugal Football Summit, sobre o risco de os investidores das sociedades desportivas dos clubes portugueses anteciparem a receita dos direitos televisivos, já num futuro contexto de centralização, citando a esse respeito o Vitória Sport Clube.

Em relação à gestão do Vitória Sport Clube e à existência de um investidor na sua Sociedade Desportiva, o senhor presidente do FC Porto não precisa de se preocupar. Apesar de entendermos o interesse no Vitória Sport Clube, dispensamos intromissões exteriores, sobretudo com falta de conhecimento. A Sociedade Desportiva do Clube tem a V Sports como parceiro, um grupo sólido, credível e com provas dadas no mundo do desporto e que está longe de ser uma ameaça conforme aponta a narrativa que o presidente do FC Porto quis fazer passar.

Temos uma administração que zela permanentemente pelos superiores interesses do Vitória Sport Clube e todas as decisões estruturais tomadas pelo atual Conselho de Administração da SAD são sempre apreciadas e votadas em assembleias gerais pelos nossos associados, uma vez que o clube continua a ser maioritário no capital social da SAD. De resto, não decalcamos gestões de outras SAD.

A atual administração da Vitória Sport Clube, Futebol SAD tem ainda a noção de que a centralização dos direitos televisivos não tem como propósito antecipar receitas — tem como finalidade corrigir desigualdades históricas e criar um modelo mais justo de distribuição, o que favorecerá o espetáculo desportivo. É um modelo que permitirá ao futebol português crescer de forma equilibrada, atrativa e sustentável, com maior capacidade de captar, formar e reter talento. E o Vitória Sport Clube está muito longe de ser periférico neste ecossistema. Pelo contrário, é um dos motores de credibilidade, formação e identidade do futebol nacional.

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