A Comissão Europeia vai abrir uma investigação para apurar as alegações de que o Governo húngaro terá tentado espiar as instituições europeias, anunciou um porta-voz da comissão.
As suspeitas têm por base uma investigação levada a cabo por um consórcio de jornalismo de investigação, que inclui o alemão Der Spiegel e o belga De Tijd, que descobriu que a Hungria enviou espiões que se fizeram passar por diplomatas com a missão de se infiltrar nas instituições da União Europeia.
Segundo a investigação, foi identificado pelo menos um diplomata que esteve na embaixada húngara na UE entre 2015 e 2017 que, na verdade, trabalhava para os serviços secretos e tentou aproximar-se de dirigentes da comissão e de outras instituições.
“A comissão toma nota de todas as notícias segundo as quais existiram operações de espionagem levadas a cabo pelo serviço de informações húngaro contra a UE e funcionários”, disse o porta-voz, citado pela Reuters, sublinhando que as suspeitas serão encaradas de forma “muito séria”.
Não foram dados pormenores sobre que tipo de investigações serão levadas a cabo pela Comissão Europeia, mas o porta-voz explicou que será criado um “grupo interno” para averiguar as suspeitas.
O Governo de Viktor Orbán tem negado todas as alegações de que terá sido montada uma operação de espionagem dentro das instituições europeias.
De acordo com a investigação jornalística, as tentativas de infiltrar espiões húngaros terão ocorrido enquanto o actual comissário europeu Olivér Várhelyi era o embaixador da Hungria junto da UE. Os alegados espiões terão sido enviados para trabalhar na embaixada como forma de ocultar a sua verdadeira função.
O mesmo consórcio de jornalismo já tinha divulgado em Dezembro uma investigação na qual detalhava a forma como os serviços secretos húngaros tinham posto sob vigilância funcionários da agência europeia antifraude (OLAF) que apuravam suspeitas de irregularidades em contratos públicos feitos com a empresa do genro de Orbán.
Estes casos vieram aumentar ainda mais a desconfiança entre Bruxelas e Budapeste, que frequentemente têm colidido em várias matérias. O Governo ultranacionalista de Orbán tem funcionado invariavelmente como uma força de bloqueio no Conselho Europeu, vetando várias propostas consideradas prioritárias pela UE, nomeadamente sobre o apoio à Ucrânia na sua guerra contra a Rússia.