A coordenadora do Bloco de Esquerda acusou esta sexta-feira o Governo português de transformar Portugal num “cúmplice direto” do genocídio em Gaza, avançando que vai exigir explicações sobre as “conversas fechadas” sobre caças F-35 com destino a Israel.
“Estamos a falar dos caças F-35, um dos aviões mais avançados, das mais avançadas armas de guerra do mundo. Eu acho que este tema é sério, porque para já coloca em causa a palavra do próprio primeiro-ministro que disse que isso não aconteceria e transforma Portugal num cúmplice direto de um genocídio contra a vontade do povo português”, disse Mariana Mortágua,
No Porto, onde participou numa arruada ao lado do cabeça de lista à Câmara Municipal, Sérgio Aires, a líder bloquista disse que o Bloco de Esquerda exigirá “explicações do Governo português até o último momento”, referindo-se à Expresso que dá conta de que terão existido conversas em “salas fechadas” com Portugal sobre a passagem dos F-35 pela base das Lajes, nos Açores.
“Não me parece que esse seja o papel do Governo português, o Governo mentiu ao povo português e essa mentira transformou o nosso país em cúmplice do maior crime contra a humanidade e por isso nós vamos querer explicações do governo português até o último momento”, insistiu.
Mariana Mortágua criticou as “reuniões escondidas entre o Governo português e o Governo israelita para a passagem de armamentos por terras portuguesas”, armamento esse que, frisou a coordenadora do Bloco de Esquerda, “serve depois para matar palestinianos”.
Pagamento de regresso “não é tema”
Mariana Mortágua, diz que aguarda com “muita tranquilidade” a notificação do Governo português para pagar os custos do seu regresso ao país depois de integrar as embarcações da flotilha humanitária de ajuda a Gaza.
“Estamos à espera dessa notificação, com muita tranquilidade. Achamos que esse não é o tema. Se queremos falar sobre a Palestina, vamos falar sobre o sofrimento do povo palestiniano e a grandeza dos movimentos de solidariedade”, disse Mariana Mortágua em declarações aos jornalistas
A líder bloquista foi questionada sobre se já recebeu a notificação e se conhece os custos da viagem de regresso a Portugal após ter estado detida em Israel juntamente com a atriz Sofia Aparício e os ativistas Miguel Duarte e Diogo Chaves, tendo dito que tem estado mais atenta à campanha eleitoral.
“Tenho estado em campanha e, portanto, da mesma forma que tive dificuldade em ler o Orçamento do Estado porque o senhor primeiro-ministro e o Governo decidiram apresentá-lo antecipadamente para evitar que a campanha fosse sobre os negócios mal explicados do primeiro-ministro, também tenho tido dificuldade em verificar a cada segundo se recebo notificações do Ministério dos Negócios Estrangeiros”, respondeu.
Mariana Mortágua voltou a criticar o Governo por ter, disse a coordenadora do Bloco de Esquerda, considerado “mais importante informar a imprensa daquilo que ia fazer do que informar os próprios daquilo que queria fazer e das suas razões”.
A informação segundo a qual os ativistas terão de pagar os custos do repatriamento foi avançada pelo Correio da Manhã e confirmada por diversos órgãos de comunicação social junto do Ministério dos Negócios Estrangeiros.