Um logradouro promissor num rés-do-chão com pouca luz foi o pontapé de arranque deste projecto. José Guimarães, arquitecto do José Studio, viu neste espaço, que estava abandonado depois de ser usado pela Junta de Freguesia de Campo de Ourique, um espaço para viver.
“O grande desafio foi, de facto, conseguir tornar este espaço privado, sem o fechar totalmente ao bairro”, conta o arquitecto. Para isso, José usou o logradouro como espaço que dá luz ao resto da casa, especialmente por ser orientado para o lado social do apartamento. “Tem uma inspiração paulista, urbana e tropical – um tropical muito expressivo, com o verde das plantas a ‘comer’ aquele espaço”, descreve.
O arquitecto diz que desde logo lhe “apeteceu abrir a casa, ter relação com a rua”. A sensação é de “abrir a porta e parecer que se está numa aldeia”, confessa. Já é hábito ler um livro e tomar um café na parte que dá para a rua. Essa é parte da “magia” desta casa. “Não queria perder esse potencial de ligação com a rua, realmente é um bairro muito simpático e queria aproveitar isso”, acrescenta José.
Se o interior é paulista, o exterior é completamente distinto. É marcado por uma grade vermelha que foi adicionada à fachada existente. Atrás dela há uma parede de tijolos de vidro, que é o que permite privacidade sem deixar de ter luz natural. O resultado foi um “lugar cosy” (aconchegante), como se vê nas fotografias de Francisco Nogueira.
Paredes quase todas brancas, mas muita cor – no chão, nos livros, nos quadros, nos pósteres e, claro, nas plantas que dão tanta vida à casa. “É o equilíbrio que procurava”, diz José. Agora, esta loja abandonada é o pano de fundo do quotidiano do arquitecto.
Texto editado por Renata Monteiro