O presidente norte-americano incluiu o desarmamento do grupo como uma das condições para encerrar a guerra que dura há dois anos no enclave, mas os islamitas palestinianos têm vindo a alertar que nunca aceitarão desarmar-se, invocando o direito dos palestinianos a defender-se.Este sábado, sob anonimato, um alto funcionário do Hamas voltou a repetir à Agência France Press que “a proposta de entrega de armas está fora de questão e não é negociável”.


A pressão do Hamas já teve resposta israelita.

Effie Defrin, porta-voz das Forças de Defesa de Israel, garantiu sexta-feira que o exército israelita, que está a recuar em cumprimento do acordo, está “bem preparado para regressar ao combate” contra o Hamas, se o grupo militante mantiver o controlo de Gaza após o fim da guerra.


Caso seja o único a desarmar, o grupo islamita palestiniano poderá ficar vulnerável, não só a ataques de Israel, como a eventuais represálias de outros grupos do enclave que até agora tem conseguido dominar pela força.

A eclosão de um autêntico caos armado na Faixa de Gaza é um dos maiores receios dos analistas.


Para tentar evitar esse cenário, o plano de paz apresentado por Trump, que teve o apoio dos países árabes e muçulmanos da região, prevê que a Faixa de Gaza seja administrada por um governo de transição até que a Autoridade Palestiniana conclua o seu “programa de reformas” e “possa retomar o controlo de Gaza de forma segura e eficaz”.

Como parte do plano de Trump, um destacamento inicial de 200 soldados norte-americanos está programado para chegar a Israel para ajudar a monitorizar o cessar-fogo em Gaza.

O novo chefe do Comando Militar do Médio Oriente (CENTCOM) dos EUA, Brad Cooper, anunciou sábado que visitou Gaza para discutir a “estabilização” da situação, garantindo ao mesmo tempo que nenhuma tropa norte-americana seria enviada para o território palestiniano.

Em vez disso, espera-se que os militares norte-americanos coordenem uma força-tarefa multinacional que será enviada para Gaza.

O Hamas, a Jihad Islâmica e a Frente Popular para a Libertação da Palestina rejeitaram, numa declaração conjunta publicada esta sexta-feira, qualquer “tutela estrangeira” sobre Gaza, sublinhando que a sua governação é uma questão puramente interna da Palestina.

Expressaram também a sua disponibilidade para beneficiar da participação árabe e internacional na reconstrução do enclave.


O cessar-fogo acordado por Israel e pelo Hamas entrou em vigor esta sexta-feira. Desde aí, mais de 500.000 pessoas regressaram ao norte do enclave, em busca das suas casas, referiu este sábado a Defesa Civil do enclave. 


A maioria encontrou apenas escombros.