O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, apelou este sábado ao voto nas eleições autárquicas, avisando que o país está a passar por um momento “irrepetível” e que os autarcas agora eleitos vão ser determinantes para o bom uso do dinheiro de Bruxelas.

“Os próximos quatro anos são decisivos para o uso dos dinheiros de Bruxelas e do PRR. Temos mais 13 mil milhões [do PRR] para fazer chegar e boa parte destes recursos passa pelo poder local. Votar amanha não é só votar naqueles que melhor conhecemos, é votar para que apliquem milhões que não voltam mais”, disse, numa mensagem (gravada) lida no Palácio de Belém. Para Marcelo Rebelo de Sousa, “não votar é renunciar a intervir na resolução dos problemas concretos, escolas, segurança, saúde, e, neste ano de 2025, não votar é renunciar a uma oportunidade única de beneficiar de uma situação financeira irrepetível”.

Lembrando que ele próprio foi autarca durante 19 anos, o Presidente considerou que o país “sem poder local forte é como edifício sem alicerces, uma árvore sem raízes”. “Dirijo este apelo insistente, votem por vós próprios, pelas vossas famílias, pelas vossas comunidades, pelo futuro”, rematou.

Na sua mensagem, Marcelo comparou o actual momento político em que há eleições legislativas e autárquicas no mesmo ano com 1976, ano em que aconteceram as primeiras autárquicas em democracia.

Durante a tarde deste sábado, o Presidente da República já tinha dito que havia “um ou dois motivos adicionais” para as pessoas irem votar nas eleições autárquicas de domingo, lembrando que se trata da sua última mensagem de apelo ao voto enquanto Presidente, uma vez que o seu mandato termina em Março quando tomar posse o próximo Presidente.

“Eu vou ter que fazer uma mensagem, que farei, aliás, com gosto democrático, e que será a minha última mensagem ao longo de dois mandatos de apelo ao voto, e que farei amanhã [sábado], para naturalmente sensibilizar os portugueses para aquilo que eles sabem que é fundamental”, disse aos jornalistas, à margem de uma reunião do Grupo de Arraiolos, que coincidiu com o último dia de campanha eleitoral em Portugal.

A campanha oficial para as eleições autárquicas terminou na sexta-feira para mais de 800 grupos de cidadãos e forças políticas, que candidataram cerca de 12.860 listas a autarquias de todo o país, de acordo com dados provisórios da Comissão Nacional de Eleições (CNE).