Um ataque da Rússia contra Kiev, na madrugada desta quinta-feira, fez pelo menos seis mortos e mais de 50 feridos, avançou Timur Tkachenko, chefe da administração militar da capital da Ucrânia. Entre as vítimas mortais está uma criança de seis anos e a sua mãe.
Volodymyr Zelensky recorreu à aplicação de mensagens Telegram para partilhar um vídeo que mostra os destroços de um edifício. A acompanhar o vídeo, escreveu: “Kiev. Ataque com mísseis. Atingiram directamente um edifício residencial. Sob os escombros, há pessoas. Terroristas russos.”
O Presidente ucraniano recorreu também ao X para deixar uma mensagem sobre a mais recente ofensiva russa, que terá durado sete horas. “Hoje o mundo viu, mais uma vez, a resposta da Rússia ao nosso desejo de paz, desejo este que partilhamos com a América e a Europa (…) É por isso que a paz sem força é impossível. Mas forçar Moscovo à paz, forçá-los a sentar-se numa mesa de negociações real — todos os instrumentos necessários para isso estão nas mãos dos nossos parceiros”, começou o líder, de forma crítica, pelo facto de nenhuma das últimas três rondas de negociações ter ido muito para além da troca de prisioneiros.
“Esperamos que tudo o que está agora a ser dito pela América e pela Europa para atingir este objectivo seja cumprido”, disse ainda.
O ataque terá durado sete horas
REUTERS/Thomas Peter
Segundo o líder ucraniano, os russos lançaram mais de 300 drones e oito mísseis, nomeadamente, em direcção a edifícios residenciais. Foram registados danos do ataque em 27 locais na capital, mas Dnipro, Poltava, Sumi e Mykolaiv também foram afectadas.
“O principal alvo do ataque em massa foi a capital. Foram infligidos danos significativos às infra-estruturas residenciais. Uma secção inteira de um prédio foi destruída numa zona em que vivem pessoas”, explicou ainda. Terão também sido danificadas escolas e hospitais pediátricos, avança o jornal Financial Times.
Até ao momento, são conhecidas seis vítimas mortais, uma das quais uma criança de seis anos. Há também registo de 50 feridos, 30 destes terão necessitado de cuidados hospitalares, acrescentou Tkatchenko no Telegram, deixando o alerta: “O número de mortos deve aumentar nas próximas horas.”
Ucrânia pede fim do prazo do ultimato
O mais recente ataque ao território ucraniano acontece pouco depois de Donald Trump ter emitido um ultimato à Rússia na tentativa de obter paz. Foi na segunda-feira, na Escócia, que o Presidente dos EUA disse que Putin teria “dez a doze dias” para chegar a um acordo de cessar-fogo, em vez dos 50 que tinha sugerido semanas antes e que acabariam em Setembro.
Na terça-feira de madrugada, contudo, o Kremlin demonstrou não ter medo da ameaça do republicano e, mais uma vez, choveram drones na Ucrânia. Segundo a Associated Press, morreram 27 pessoas e foram atingidas pelo menos 72 localidades.
As autoridades ucranianas acreditam que o líder dos EUA “tem sido muito generoso e muito paciente” com a Rússia. No entanto, “provavelmente está na hora de reduzir a zero todos os prazos que foram dados a Putin para que ele demonstrasse uma abordagem construtiva”, afirmou o ministro das Relações Externas da Ucrânia, Andriy Sybiha, citado pelo Financial Times.
Os ucranianos têm sentido a sua paciência testada, principalmente depois de uma terceira ronda de negociações, a mais curta até agora, em que o cessar-fogo se manteve longe da mesa.
Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, depois das negociações, disse não haver “qualquer razão para esperar avanços milagrosos”, já que os países têm visões “diametralmente opostas”. Esta posição é, de facto, muito diferente à que tem sido demonstrada pela Ucrânia, que se mostra disponível para uma conversa entre líderes.
Meses depois, Rússia diz ter tomado Chasiv Iar
A Rússia afirmou, esta quinta-feira, ter tomado a cidade de Chasiv Iar, no Leste da Ucrânia. A notícia foi avançada pelo ministério da Defesa russo numa breve declaração e Kiev confirmou ter havido ataques perto da cidade.
Contudo, o blogue militar ucraniano DeepState, consultado pela Reuters, sugere que as forças ucranianas ainda detêm a parte ocidental da cidade.
A tomada da totalidade de Chasiv Iar representa uma grande vitória territorial, já que é um ponto estratégico que pode abrir caminhos em direcção a outras zonas importantes de Donetsk, como Kostiantynivka, Sloviansk e Kramatorsk.
A batalha por Chasiv Iar remonta a Abril de 2024, com uma ofensiva de pára-quedistas russos. A cidade, que um dia teve 12 mil habitantes, tinha uma economia focada na produção de produtos de betão e de barro.