Antonio Caramelo tem 11 anos e um disco indicado ao Grammy Latino na categoria melhor álbum infantil. O menino, filho do ator Igor Rickli e da cantora e ex-BBB Aline Wirley, é um multitalento. Canta, compõe, toca violão, guitarra, ukulelê e está aprendendo flauta transversa. Como ator, integrou o elenco da novela “Família é tudo”.
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Mas o mini artista está longe de ser uma dessas estrelas mirins treinadinhas, de discurso pronto. Antonio é criança, ponto. Uma criança cheia de personalidade e sonhos, como ele conta em edição especial dedicada do Dia das Crianças do “Conversa vai, conversa vem“, que vai ao ar nesta segunda-feira (13), 18h, no Youtube do jornal O GLOBO e no Spotify. Leia abaixo um trecho do papo:
Como foi receber a notícia que seu disco, “As aventuras de Caramelo”, em parceria com o grupo Malibu Kids, estava indicado ao Grammy Latino? Precisou se beliscar para acreditar que era verdade?
Olha, eu não esperava isso. Porque nem sabia o que era Grammy direito. Só agora, quando vim me aprofundar nesse assunto, pensei: “Uau, estou realmente concorrendo a isso”. Então, é um momento especial.
Como está sua expectativa para a cerimônia?
Estou gostando mais agora, mas só de pensar eu fico: “Nossa, vou para para Nova York, Las Vegas… Tá bom, tá bom, não é nada de mais, é só o Grammy. Apenas” (risos).
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Antonio Caramelo conversa com a jornalista Maria Fortuna, no jornal O GLOBO — Foto: Leo Martins
Seu disco fala de forma divertida sobre o cotidiano de ser criança. Gosto muito de uma música que fala sobre a importância de dar bom dia para as pessoas. Acha que um “Bom dia”, alegre pode mudar o humor de alguém?
Na verdade, essa música é uma homenagem, foi inspirada nos meus irmãos e em mim. Um dia a gente estava no carro indo para a escola, de boa. Aí, do nada, minha irmã inventou de abrir a janela e gritou: “Bom dia!”. Aí, meu irmão continuou, a gente continuou e até hoje a gente faz isso. Desde que eu tinha 10 anos.
O álbum também traz mensagens importantes como a canção “Bolinha Azul” que fala sobre precisarmos cuidar da Terra, ouvir a natureza. Como surgiu a ideia dessa música?
Pela vida, né? Fui aprendendo. No meu cotidiano, é muito comum falar sobre a vida, de como todo tipo de vida é uma coisa importante. A natureza também é um tipo de vida, e a gente tem que preservar.
Você gosta de curtir a natureza?
Gosto. Sou um menino selvagem. Gosto de pular, me jogar, de me sujar. Quando eu olho para a natureza, vejo um playground.
Você tem um cabelo muito lindo e fez uma música para ele, dizendo que sue cabelo é um “superstar”. Acha que essa música pode inspirar outras pessoas a gostarem de seus cabelos, a gostarem delas como elas são?
Sim. Porque, na verdade, muitas pessoas têm vergonha de deixar o cabelo solto, porque elas acham feio. É por causa de um preconceito também, né? Eu e o Malibu Kids fizemos essa música pensando em dizer: “Tá tudo bem cabelo solto, cada um é de um jeito e tá tudo certo”.
Leva tempo para pentear, dói, mas, no final das contas, vale a pena.
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Me acho, sim. Me sinto bonito. Não é querer me gabar, mas a gente tem que pensar em si mesmo.
Como vem a inspiração para as músicas que você compõe?
Pego tudo que eu vivo, junto tudo em um só eu, crio palavras. Geralmente, pego a guitarra ou o violão, sento lá no chão da minha sala, primeiro crio uma sequencia de acordes, depois escolho um tema, crio uma letra em cima daquela base e a minha música está pronta.
Quando se deu conta de que tinha essa voz bonita? Você passa o dia cantando?
Passo (risos). Desde que eu era bem pequenininho, ficava enchendo o saco dos meus pais, passava o dia todo cantando, tocando. Era a minha rotina, aí fui percebendo que ao longo do tempo minha voz foi mudando até chegar nesse ponto de agora.
Qual é a sua memória musical mais antiga?
Tem uma história bonitinha. Quando eu era muito pequeno, chovia muito no Alto da Boa Vista, onde eu moro. Eu ficava com muito medo. Tinha uns quatro aninhos? O vento soprava nas árvores e fazia um barulho, tipo como se fosse um negócio fantasma, sabe? Eu ficava tremendo, chorava com medo de acabar a luz. Aí, minha mãe me pegava no colo, me botava no sofá, eu deitava no colo dela, e ela me cantava uma musiquinha. Acho que chamava “A voz do trovão”.
Que talento você destacaria na sua mãe? E no seu pai?
O meu pai é mais de atuar, ele já fez muitas novelas, mas ele também canta e faz teatro. Minha mãe, eu destacaria como cantora mesmo, porque ela fez o Rouge, que durou por anos.
Antonio Caramelo com os pais: Aline Wirley e Igor Rickli — Foto: Reprodução/Instagram
Quando sua mãe foi para o BBB, ficou com saudade? Do que mais sentiu falta?
Muita, meu Deus. Eu não parava de chorar. Ficava falando para os meus amigos: “Gente, me ajuda, tô com depressão”. Eu sentia falta daquele chamego, sabe? Minha mãe é a pessoa mais calma da nossa família. Eu sentia falta de ficar pertinho dela.
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Ano passado, você ganhou dois irmãos, o Will e a Fatima, que seus pais adotaram. Como foi a chegada deles, o que sentiu?
A gente briga muito. Mesmo. Mas no final das contas a gente se ama. Nesses momentos que a gente briga eu vejo como eu amo aquele menino e aquela menina. Faria tudo para não perder eles, estar sempre perto deles.
Você não ficou com medo de perder o seu espaço de filho único?
Fiquei. No início, eu era muito ciumento. Como Will era o mais novinho, meu pai ficava agarrando ele, dando beijinho. E eu ficava assim: “Olha eu aqui, pai”. Ele dizia: “Você já está há 10 anos aqui comigo, teve seu próprio espaço, agora é a vez dele”. Aí, tudo bem.
Você é bem resolvido. Fez terapia?
Eu fazia, antes de eles chegarem.
O que aprendeu de mais precioso com os seus irmãos, e o que ensinou?
Aprendi que a vida não é um espaço único. Que a gente tem que dividir. Não é tudo só para mim, é para todo mundo. Eu e papai ensinamos Will a não mentir. A Fatima é muito grossa, ela dá uns tapas na gente. É muito engraçado. Mas aí a gente ensina a não bater, a não brigar.
Como surgiu o seu nome artístico, Antônio Caramelo?
Por causa disso daqui, ó (passa a mão no antebraço), da minha pele, e do meu jeitinho.
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Que tipo de música você gosta de escutar? Quais são suas referências?
Gosto muito de jazz. Tenho muitas inspirações, a minha mãe, meu pai, Bruno Mars. Gosto daquelas músicas bem animadas, que me dá vontade de dançar, rir, brincar.
O que que você gosta de fazer nas horas vagas, assim?
Brincar com meu irmão, ir no pula-pula, jogar videogame, compor. Gosto de desenhar. Tenho um amigo chamado Gabriel, que desenha muito bem. No meu aniversário do ano passado, ele fez um desenho meu, nossa, ficou lindo! Também gosto de viajar, quero ir para o Canadá, porque uma das coisas que mais gosto é neve e lá neva muito. Eu amo esquiar. Nunca esquiei, mas queria muito.
Nada! Já fui duas vezes em uma montanha-russa que tinha quatro loopings.
Que outro esporte você gosta?
Gosto de vôlei. Futebol não curto muito, é muito agressivo. Até jogo quando não tem outra coisa, mas… Nem tenho time. Meus amigos ficam falando que eu sou Flamengo, então, tecnicamente, é, mas se for por mim, eu não tenho time.
Qual é a melhor e a pior coisa de ser criança?
A pior é ter que ir pra escola e perder a liberdade estudando, sentado em uma cadeira. A melhor é que no sábado e domingo você tá livre pra sair correndo, ficar pelado e entrar na piscina.
Mas a escola tem muita coisa legal. O que você mais gosta da escola?
Gosto muito de brincar de vôlei, conversar com minhas amigas, de vez em quando eu até leio no recreio.
O que você gosta de ler?
Gosto de livros de magia.
O que você tem vontade de fazer agora?
Queria muito fazer uma banda. Consegui uma baterista lá na minha escola que se chama Paola. Agora só falta um baixista e outro guitarrista. Eu vou ser o vocal e guitarra.
O que quer ganhar de Dia de Criança?
Um dia livre todo mundo junto pra fazer o que quiser. Brincar, pular no pula-pula, no nos parques, andar de montanha russa, comer doce.
Se você pudesse fazer um pedido para para melhorar o mundo, qual seria?
Normalmente, tem adultos que cortam as asas das crianças. Eles perdem os seus sonhos. Gostaria de mudar essa consciência, que deixam as crianças seguirem os sonhos delas.
Qual é o seu maior sonho?
Tenho um sonho aleatório de tocar numa nuvem. Mas meu maior sonho é fazer um mundo melhor, sem poluição, todo mundo mais conscientizado, sem racismo, e com menos indústrias.