Neste domingo, dia 12 de outubro, é comemorado o Dia Nacional da Leitura, um dia de conscientização sobre a importância do hábito de ler e da valorização da literatura nacional. De acordo com a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil 2024, conduzida pelo instituto Ipec, cerca de 53% dos brasileiros declararam não ter folheado nenhum livro nos três meses anteriores ao questionário. Na última década, também de acordo com a pesquisa, o Brasil perdeu mais de 11 milhões de leitores, que admitem ter se afastado do hábito por falta de interesse ou paciência (45% dos entrevistados) ou por terem preferência por atividades on-line (12% dos entrevistados).
Pensando na data e nesse dado desafiador de nosso país, VEJA separou três livros nacionais que podem ajudar a tornar o processo de leitura mais prazeroso. Tratam-se de histórias instigantes, identificáveis e fáceis de ler, além de terem em suas páginas um panorama fiel e interessante sobre os dramas de nosso país. Confira:
Capa do livro ‘Capitães da Areia’ (Companhia de Bolso/Reprodução)
Capitães da Areia, de Jorge Amado
A cidade de Salvador é aterrorizada por um grupo de menores infratores conhecidos como Capitães da Areia. Associados a libertinagem, as crianças e adolescentes habitam um trapiche abandonado e tentam sobreviver à negligência estatal. Ao longo de todo o romance, o leitor pode conhecer mais a fundo as camadas e nuances de cada personagem do grupo, que está longe de ser apenas uma junção de pequenos criminosos. O grupo é formado por Pedro Bala, filho de grevista e de personalidade forte e líder, Professor, um dos únicos alfabetizados da trupe e apaixonado por leitura, Pirulito, cuja fé inabalável é sua marca registrada, e Sem Pernas, um menino com deficiência que nutre ódio pela polícia e se posiciona contra as injustiças sociais. Suas aventuras e trajetórias são apresentadas com sensibilidade por Jorge Amado, que transforma a infância em palco de discussões políticas e sociais importantes.
Capa do livro ‘A Vida Invisível de Eurídice Gusmão’ (Companhia das Letras/Reprodução)
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A Vida Invisível de Eurídice Gusmão, de Martha Batalha
Publicado pela Companhia das Letras em 2016, o livro se passa no Rio de Janeiro dos anos 1940. As irmãs Guida e Eurídice Gusmão vivem uma vida simples em uma casa cuja estrutura patriarcal prevalece: a mãe trabalha nos afazeres domésticos e o pai garante o sustento financeiro da casa. Submetidas a uma criação machista, Guida e Eurídice têm de se contentar com uma vida doméstica e sem ambições. Porém, a rotina pacata da família Gusmão vai mudar depois que Guida desaparece, consequência de escolhas contrárias aos princípios da família. A partir desse fato, a vida de todos no entorno das irmãs irá ganhar espaço, tornando-se uma narrativa sobre as agruras do patriarcado mas celebra a inteligência de personagens que, mesmo sob condições sociais adversas, contém histórias pra lá de interessantes, contadas por meio da escrita leve, inteligente e muito envolvente de Martha Batalha. O livro ainda deu origem ao filme Vida Invisível, dirigido por Karim Aïnouz e protagonizado por Carol Duarte e Julia Stockler.
Capa de ‘Olhai os Lírios do Campo’, de Erico Verissimo (Companhia das Letras/Reprodução)
Olhai os Lírios do Campo, de Erico Verissimo
Triste e sagaz ao mesmo tempo, o livro conta a história de Eugênio Pontes, que nasce em uma família humilde mas tem o desejo de ascender socialmente. Quando mais velho, entra na faculdade de medicina, acreditando que a profissão lhe trará riqueza, e se casa por interesse para completar o ciclo. Enquanto se esforça para atingir seus objetivos, deixa para trás amigos verdadeiros que fez ao longo do caminho, e perdendo o senso de humanidade que o ofício de médico lhe pede. Por meio de suas escolhas, nem sempre acertadas, Eugênio vai se dando conta do que realmente importa. Primeiro best-seller de Erico Verissimo, o livro é atemporal à medida que encontra terreno em temas universais como a vontade de ascensão social, amor e amizade.
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