O presidente do PSD, Luís Montenegro, não tem medo de ir a eleições e quer vencer as autárquicas esta noite, mas seja qual for o resultado, o também primeiro-ministro deixou já a garantia de que não se vai demitir, ao contrário do que fez António Guterres em 2001. O chefe do executivo considera que, nestas eleições, também está em causa uma avaliação do trabalho do Governo — “De alguma maneira, o partido político que lidera o Governo tem a expectativa de que, também na sua capacidade de ligação às comunidades locais, possa estabelecer um contrato social, político, forte.” E é isso que pretende.

O secretário-geral do PSD, Hugo Soares, já tinha avisado que ia ser uma “noite longa”, mas mostrou-se “muito confiante” nas candidaturas do partido. Luís Montenegro, que chegou à sede do PSD no Porto poucos minutos antes das 20h, prometeu aguardar “com serenidade” os resultados, “olhar para todos os pontos” do território “com o mesmo interesse”, e disse estar “muito tranquilo” por entender que o partido apresentou “candidaturas fortíssimas”.

De seguida, destacou o projecto que tem para o país, “que está em execução e que também mereceu a sua expressão do ponto de vista territorial” com as candidaturas do PSD. Luís Montenegro disse estar “a trabalhar nas autárquicas desde 2022” — “A partir de Setembro de 2022, percorri o país ainda na oposição nacional, estando nos 308 concelhos do país com todos os movimentos que a partir do PSD se estavam a desenhar na abordagem a estas autárquicas.”

Questionado sobre se mantém que os autarcas devem estar mais alinhados com o Governo e que isso acontece se esses forem do PSD, disse que sim. “O Governo tem uma filosofia política, tem um programa político e trabalha com todos os autarcas, sejam eles de que partido forem, ou até de movimentos independentes”, argumentou Luís Montenegro.

Ao mesmo tempo, não nega que nesta noite de eleições também está em causa uma avaliação do Governo. “Acho que sim, de alguma maneira, o partido político que lidera o Governo tem a expectativa de que, também na sua capacidade de ligação às comunidades locais, possa estabelecer um contrato social, político, forte, [é o] que eu pretendo”, respondeu, e destacou que nunca teve “medo de eleições”.

“Já estive muitos anos na oposição. Tenho muitos quilómetros de actividade política e há uma coisa que quero: só quero exercer funções políticas na base da confiança do povo, portanto, nunca me importo de estar em juízo e em julgamento”, acrescentou.

Quanto a leituras nacionais, deixou a garantia de que, sejam elas quais forem, não se vai demitir. “Não me vou demitir, de certeza. Podem já tirar esse cavalinho da chuva. Essa notícia não vão ter”, assegurou.

“Vou olhar para os resultados, como é minha obrigação, de norte a sul do país, passando pelas regiões autónomas, e vou dizer-vos aquilo que é a nossa e a minha leitura política desses resultados”, afirmou Luís Montenegro, mostrando vontade de vencer mais câmaras e reconhecendo ao mesmo tempo que o PSD parte de “uma desvantagem muito grande” — com 114 autarcas face a 149 do PS.