Uma entrevista a JD Vance no canal de televisão ABC foi interrompida pelo apresentador enquanto o vice-Presidente norte-americano falava, depois de o pivô George Stephanopoulos insistir em perguntas sobre um alegado caso de suborno a Tom Homan, o “czar” das fronteiras e imigração da administração Trump. “Não respondeu à minha pergunta. Obrigado pelo seu tempo e bom dia”, acabou por dizer Stephanopoulos, terminando a entrevista. JD Vance ainda é ouvido a tentar responder: “Não George, eu disse que…”, mas a imagem e o som do vice-Presidente foi cortada.

A entrevista deste domingo começou com uma discussão sobre o acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas.  Porém, evoluiu para temas polémicos relacionados com membros do Governo. O pivô da ABC passou a abordar um pagamento de 50 mil dólares que Tom Homan alegadamente recebeu de agentes do FBI disfarçados de empresários, durante uma investigação de corrupção que acabou encerrada nas últimas semanas por pessoas nomeadas por Trump. Conforme relata o The Guardian, a investigação terá ocorrido antes das eleições que deram vitória ao candidato republicano, e Homan terá aceite o valor, em dinheiro, para facilitar contratos relacionados a empresas de segurança nas fronteiras norte-americanas.

Este domingo, Stephanopoulos pressionou JD Vance sobre o caso. “O responsável pelas fronteiras e imigração da Casa Branca, Tom Homan, foi apanhado numa gravação de vigilância do FBI em setembro de 2024 a aceitar 50 mil dólares em espécie. Ele ficou com o dinheiro ou devolveu-o?” Diante da questão, o vice-Presidente afirmou que “Homan não aceitou um suborno, isto é ridículo, e o motivo pelo qual estão a perseguir tão agressivamente Tom Homan é porque ele está a fazer cumprir a lei”, afirmando que o membro do Governo tem recebido ameaças de morte. Entretanto, ao longo dos três minutos seguintes, o pivô insistiu. “Disse que ele não foi subornado, mas não tenho certeza se respondeu à pergunta. Está a dizer que ele não aceitou os 50 mil?”, ao que Vance voltou a responder: “Tom Homan não aceitou um suborno. Aceitou 50 mil dólares? Tenho a certeza que ao longo da sua vida, foi pago mais de 50 mil dólares em serviços. A questão é, ele fez algo ilegal? E não há evidências de que Tom Homan tenha feito nada ilegal ao longo do seu trabalho na atual administração”.

Neste momento, a situação começa a ficar mais tensa. “Estou a perguntar algo diferente”, disse Stephanopoulos, que voltou a questionar se Homan ficou com o dinheiro. JD Vance chegou a afirmar que não sabia do que o pivô estava a falar, e depois disse que tinha a certeza de que o membro da administração Trump não havia cometido um crime. Foi quando Stephanopoulos falou mais uma vez sobre a gravação na qual Homan terá sido apanhado a aceitar o alegado suborno. “Este é o motivo, George, pelo qual cada vez menos pessoas assistem ao seu programa e o motivo pelo qual está a perder a credibilidade. Porque está a falar por cinco minutos com o vice-Presidente dos EUA sobre esta história de Tom Homan, uma história que li mas nem sei da existência da gravação que está a citar”, disse JD Vance, que depois citou uma série de problemas que relacionou com a administração de Joe Biden. “Vamos falar dos problemas de verdade. Acho que o povo americano vai beneficiar mais disto do que do seu mergulho num buraco sem fundo de extrema-esquerda. Os factos mostram que Tom Homan não fez nada errado”.

Stephanopoulos considerou neste momento a conversa encerrada. “Não é um buraco sem fundo de extrema-esquerda. Não insinuei nada. Perguntei se Tom Homan aceitou 50 mil dólares, como foi ouvido numa fita gravada pelo FBI em setembro de 2024. E não respondeu à minha questão. Obrigado pelo seu tempo e bom dia”. Os telespetadores ainda assistiram à tentativa de Vance de rebater: “Não George, eu disse que…”, mas o seu áudio e a sua imagem foram cortadas e o pivô da ABC continuou o programa, indo para intervalo.

As gravações de Tom Homan foram feitas seis semanas antes das eleições de 2024, que deram a vitória a Donald Trump. Antes de o Departamento de Justiça ter encerrado o caso, segundo o The Guardian, estavam a ser investigadas as suspeitas de crime de conspiração, suborno e dois tipos de fraude. Antes das eleições, estava ligado à Heritage Foundation, o thinktank por detrás do Project 2025.