Segundo Antônio Joaquim Severino, houve dois fatores que o motivaram a escrever Metodologia do Trabalho Científico. O primeiro aconteceu quando ele foi estudar Filosofia na Universidade Católica de Louvain, na Bélgica, graças a uma bolsa de estudos. Lá, ele conta que teve aulas com o professor Georges Van Riet (1916-1998), que ensinava técnicas práticas do estudo antes de adentrar o conteúdo da disciplina. “Ele nos mostrou como consultar as revistas, como utilizar as enciclopédias, como iniciar o trabalho científico mesmo. Isso foi uma aprendizagem, e eu reconheço a influência desse professor na tomada dessa decisão.”

O segundo fator destacado por Severino ocorreu depois que ele voltou ao Brasil e começou a dar aulas na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo. “Tive que dar aulas de filosofia contemporânea para o quarto ano de Filosofia. E eu logo senti que os alunos não tinham o hábito de ler os filósofos, as obras originais”, lembra. Para ele, o ensino no Brasil era muito expositivo. “O aluno tomava notas, fazia um caderno, o professor revisava, tinha trabalhos escritos que cada um fazia de um jeito. Comecei a traduzir alguns textos de filósofos europeus para lermos, já que a literatura de filosofia no nosso contexto ainda não era tão significativa.” A proposta do professor era combinar as “regras do jogo” com seus alunos, ensinando a eles o que era e como deveria ser feito cada tipo de trabalho acadêmico.

Logo o combinado resultou numa pequena apostila, depois, numa apostila maior e de melhor qualidade e, por fim, num livro. “Um dia, apareceu na minha sala José Cortez, que tinha uma banca de livros no prédio velho da PUC. Ele disse que os alunos estavam procurando uma apostila chamada Metodologia do Trabalho Científico. Eu dei a ele as cópias restantes e ele as vendeu. Depois, em novembro de 1974, apareceu na minha sala e propôs que melhorássemos a apostila para publicá-la. E a Editora Cortez nasceu com esse primeiro livro, que foi lançado em agosto de 1975″, relembra.