O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aterrou esta segunda-feira em Israel onde foi recebido pelo primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, num ambiente de euforia e alívio com a libertação dos reféns em Gaza que selará o fim de dois anos de guerra. A seguir aos reféns serão libertados palestinianos em prisões israelitas, alguns condenados a penas de prisão perpétua por ataques contra israelitas, a esmagadora maioria foram detidos na Faixa de Gaza durante estes dois anos.

Após a libertação do primeiro grupo de sete reféns, os media israelitas iam dando notícias: o pai de Yosef Chaim Ohana relatava ter falado já com o filho por vídeo chamada, “parece bem”, Elkana Bohbot falou com a mãe, disse-lhe que “está tudo bem”, a primeira imagem foi enviada ainda de Gaza, com um combatente do Hamas ao lado.

Os media israelitas forma citando especialistas que alertavam para uma possibilidade de os reféns chegarem a precisar de cuidados especializados, e o estado frágil e emaciado de alguns dos reféns anteriormente libertados aumentou a preocupação.

“Gritei para os céus”, disse a mãe, Julie, depois de ver o filho, Bar Kuperstein, de 22 anos, que trabalhava no festival de música como segurança. “Ver o meu filho depois de dois anos…”

O Fórum das Famílias dos Reféns e Desaparecidos publicou uma mensagem nas redes sociais: “Bem-vindos a casa! Após 738 dias agonizantes em cativeiro, Omri Miran, Matan Angrest, Ziv Berman, Gali Berman, Guy Gilboa-Dalal, Alon Ohel e Eitan Mor estão de volta”.

Mas a luta das famílias e amigos “e de todo um país que lutou para que este dia chegasse” não acabou, dizia ainda a mensagem: essa luta “não terminará até que o último refém seja localizado e devolvido para um enterro apropriado”.

A BBC, que está na praça dos reféns em Telavive, ouviu Inbar Goldstein. O seu irmão e sobrinha foram mortos no ataque de 7 de Outubro do Hamas, e a sua nora, sobrinha e dois sobrinhos foram levados para Gaza e libertados em Novembro de 2023. “Estou agradecida e muito feliz e curiosa, só os quero ver”, continuou. “Quase parece um momento espiritual.” Mas acrescentou que não vai celebrar totalmente até ao regresso de todos.

Do lado palestiniano, o Haaretz relatou que na madrugada desta segunda-feira foram feitas várias alterações na lista de palestinianos a serem libertados por Israel.

A lista incluía 250 palestinianos condenados por terem ordenado ou levado a cabo ataques que mataram israelitas e ainda mais de 1700 detidos na Faixa de Gaza após o 7 de Outubro (muitos dos detidos nesta situação nunca chegaram a ser acusados), dos quais 22 eram menores.

De acordo com o plano, cerca de 100 prisioneiros vão ser libertados para a Cisjordânia, mas a maioria irá ser deportada para a Faixa de Gaza ou o Egipto e um pequeno número para Jerusalém Leste.

Trump recebido com gratidão

Os manifestantes israelitas que têm lutado pela libertação dos reféns têm levado a cabo várias expressões públicas de apreço a Trump, com faixas a dizer que deveria ganhar o Nobel da paz, por exemplo.

O Presidente de Israel Isaac Herzog, irá dar a Trump a medalha de honra presidencial, a mais alta distinção em Israel.

Trump irá de seguida para Sharm el-Sheikh, no Egipto, onde irá ser o co-anfitrião, com o seu homólogo Abdel Fattah al-Sissi, de uma cimeira para a paz com mais de 20 líderes mundiais.

A cimeira irá contar com a presença do presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, que os EUA recentemente impediram de discursar na Assembleia Geral da ONU em que muitos países reconheceram o Estado palestiniano.

Israel vai estar ausente, tendo optado por não enviar representantes à cerimónia, e também o Irão declinou estar presente. O Hamas disse que a sua presença era desnecessária pois tinha agido sobretudo através dos mediadores, cita o diário The Guardian.

Em cima da mesa estará a discussão do plano de paz de Trump, apoiado pelos países árabes e muçulmanos, e que após as libertações entrará nas questões mais difíceis, incluindo o desarmamento do Hamas, que o movimento recusa.