Os números das entregas do último trimestre da Porsche voltaram a cair, aprofundando a crise pela qual está a passar.

A Porsche divulgou os números do terceiro trimestre de 2025 (julho-setembro) e não são os mais animadores. As vendas na China continuaram a contrair de forma expressiva (-21%), mas agora entraram também no vermelho na América do Norte, um dos seus maiores mercados: -4,8%.

Se na China as causas para a queda contínua se relacionam com uma quebra generalizada nas vendas do segmento de luxo e no aumento da concorrência, na América do Norte e em específico, nos EUA (o seu maior mercado individual), são as tarifas de Donald Trump que começam a pesar. Não só em vendas, como nos custos associados às tarifas que já acumulam centenas de milhões de euros.

Apesar disto, no acumulado do ano (janeiro a setembro), os números mostram-se razoavelmente robustos: a queda global nas entregas fixa-se nos 6%, o que se traduz em 212 509 unidades entregues.

Porsche Macan na estrada, frente© Porsche O Macan está a ser o modelo mais vendido da Porsche este ano — combustão e elétrico — e é o único com as vendas a crescer em relação ao ano passado.

A América do Norte, apesar da contração no último trimestre, mantém-se positiva no acumulado (5%), tendo sido entregues 64 446 unidades. Também em terreno positivo estão os mercados emergentes (+3% e 43 090 un.). A exceção foram a China e a Europa.

Na China, a queda acumulada chega aos 26% (32 195 un.), enquanto na Europa, excluindo a Alemanha, a queda é menor, de 4% (50 286 un.). Já em casa, na Alemanha, os números também são alvo de preocupação: caíram 16%, ao que correspondem 22 492 unidades.

Macan foi o mais vendido

Filtrando os números por modelos, o Porsche Macan é o único em terreno positivo. As entregas combinadas do Macan a combustão e elétrico estão a subir 18% em 2025, o que se traduz em 64 783 unidades. É o Macan elétrico que está a vender mais, com uma quota de 55%, mas com uma ressalva: o Macan a combustão não se vende na Europa desde o ano passado.

O Cayenne, que costuma lutar com o Macan pelo título de modelo mais vendido da marca, viu as suas vendas recuar em 22%, para as 60 656 unidades. Seguem-se quedas no Taycan (-10%) e nos 718 Boxster e 718 Cayman (-15%). O par de desportivos já deixaram de ser vendidos na Europa, e a produção irá terminar definitivamente este ano.

O Panamera, por outro lado, está a ter um ano razoavelmente estável, com as entregas a terem caído apenas 1%. O ícone da Porsche, o 911, está também em queda: -5%, que se traduz em 37 806 unidades.

Novo plano para dar pontapé na crise

Após anos consecutivos de recordes de vendas e lucros, a Porsche enfrenta agora uma das suas maiores crises.

Parte pode ser justificada por fatores fora do controlo da marca, como o tombo do mercado de luxo na China (motivado por uma crise imobiliária) ou as tarifas aduaneiras impostas pelos EUA.

Mas outros fatores são imputáveis à Porsche, como o plano de eletrificação que tinha como ambição que 80% das vendas em 2030 fossem de elétricos. Os resultados comerciais desejados estão muito longe de se materializar. Oliver Blume, diretor-executivo do construtor (e do Grupo Volkswagen), já anunciou um novo plano para mudar o rumo das coisas.

Um plano que passa por adiar a eletrificação, prolongar a vida de alguns modelos a combustão e até reintroduzir motores térmicos em modelos que não estavam previstos para os receber, como os sucessores do 718. Fique a saber mais detalhes:

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