Os especialistas contactados pelo Jornal Económico (JE) consideram que o resultado de Carlos Moedas foi “bom” e que o PS padeceu de um grande “erro estratégico”.

epa12350299 Lisbon mayor Carlos Moedas speaks to the press after the Gloria funicular cable railway derailed in Lisbon, Portugal, 03 September 2025. At least three people died in the derailment, with emergency services reporting that several were injured and others are still trapped at the scene. EPA/MIGUEL A. LOPES

Apesar do que indicavam as sondagens Carlos Moedas venceu novamente na Câmara de Lisboa, mas sem maioria absoluta. Os especialistas contactados pelo Jornal Económico (JE) consideram que o resultado foi “bom” e que o PS padeceu de um grande “erro estratégico”.

No domingo, Carlos Moedas foi reeleito Presidente da Câmara Municipal, mas não conseguiu a maioria absoluta. A sua coligação obteve oito mandatos, mais dois do que a coligação liderada por Alexandra Leitão (PS/L/BE/PAN), que ficou em segundo lugar.

O politólogo José Palmeira recordou que “o cenário que tínhamos antes das eleições era de empate técnico. Fartamo-nos de ouvir falar em empates técnicos”.

“Aliás até ontem à noite na projeção dos resultados à boca das urnas também apontava para um empate técnico. Dado que Lisboa é um concelho com muitos habitantes, admitia-se até muito tarde que Moedas não ganhasse”, destacou

Apesar de não ter alcançado maioria absoluta, José Palmeira afirmou que “não deixa de ser um bom resultado ainda por cima se considerarmos que o acidente no elevador da glória se criou a expectativa de que podia afetá-lo em termos eleitorais”.

Por sua vez, João Ferreira Dias, especialista em Estudos Político-Jurídicos, apontou que “seria muito difícil de Carlos Moedas atingir a maioria absoluta”. “Em todo o caso ele cresce, isso é um dado significativo”, frisou.

Para João Ferreira Dias “o crescimento de João Ferreira, da candidatura da CDU, foi determinante não só para os resultados da coligação encabeçada por Alexandra Leitão, como pelo facto de expressar algum voto”.

“Isso fez com que Moedas pudesse renovar o mandato como presidente da Câmara Municipal de Lisboa e também acabou por impedir que a candidatura de Alexandra Leitão pudesse sair vencedora”, afirmou.

Recorde-se que a CDU teve 26.769 votos em Lisboa, menos 11 votos que o Chega, uma diferença que dá a Bruno Mascarenhas a possibilidade de ter dois vereadores na autarquia e a João Ferreira apenas um.

João Ferreira Dias disse ainda que “também que Alexandra Leitão foi prejudicada pela coligação incluindo o BE, numa altura em que tivemos o caso da Flotilha”. “Todo o mediatismo em volta da Flotilha foi determinante para fazer cair a imagem do BE”.

Por sua vez, o especialista Gonçalo Ribeiro Telles, em linha com os restantes analistas, destacou que Moedas “não alcançou a maioria absoluta, mas teve perto dela”. “Ao contrário do que se esperava porque à partida a corrida ia ser mais apertada”, sublinhou.

Segundo o especialista “em Lisboa houve claramente um erro estratégico do Partido Socialista, de realmente juntar-se a uma esquerda que não fazia sentido”.

“Teria sido mais inteligente da parte do Partido Socialista ter apresentado um candidato ou uma candidata da ala moderada que fosse buscar votos a Carlos Moedas”, referiu Gonçalo Ribeiro Telles.

Carlos Moedas ganhou, mas Ribeiro Telle é da opinião que o reeleito presidente da Câmara de Lisboa teve um primeiro mandato “desastroso em todos os níveis”. “Ele consegue alcançar uma vitória porque o PS não apresenta uma candidatura mais ponderada”, considerou.