Édouard Manet /Wikimedia Commons

“Almoço Sobre a Relva”, o polémico quadro de Manet

Polémica pintura com uma mulher nua escandalizou nos anos 60 do século XIX. Agora, um juiz real decide que não foi assim tão grave.

A pintura “O Almoço na Relva” causou alvoroço quando foi apresentada por Édouard Manet em 1863. Chegou mesmo a ser rejeitada pela Academia de Belas-Artes por mostrar a imagem escandalosa para a época de uma mulher nua.

A obra acabou por ser exibida no Salon des Refusés, um evento rival criado por Napoleão III que apresentava muitas das obras rejeitadas pelo salão oficial, recorda a Smithsonian Magazine.

Mas a sua irreverência foi o que fez desta obra uma das mais icónicas de Manet: Com o passar dos anos, os defensores da pintura suplantaram os seus detratores.

Só que, no início deste mês, o debate em torno desta obra assumiu mesmo a forma de um julgamento teatral simulado no auditório do Museu d’Orsay.

Manet, que morreu em 1883, acabou por ser levado a tribunal (um fictício, claro), para a discussão da validade da sua obra. O julgamento foi uma ideia de Sylvain Amic, antigo presidente do Museu d’Orsay e do Museu de l’Orangerie.

Mas foi mais real do que parece: Estudantes de um clube de debate apresentaram os seus argumentos, em personagem, perante um juiz real, com o apoio de três advogados, um deles a atuar como procurador.

“A ideia de um julgamento simulado é ao mesmo tempo interessante e enriquecedora, pois permite que a arte e o direito — dois mundos que à primeira vista parecem opostos — entrem em diálogo”, declarou à ARTNews Julie de Lassus Saint Génies, advogada especializada em propriedade intelectual e participante no evento.

Cabe-nos a nós dar-lhe sentido segundo as nossas próprias prioridades e interpretações”, afirmou o historiador de arte Steven Z. Levine, que garante que a pintura “permanece preciosa porque nos dá a oportunidade de refletir sobre nós próprios. Aprendemos sobre nós mesmos ao escrever sobre a obra de arte”.


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