
Staphylococcus aureus, superbacteria resistente aos antibióticos
A guerra da humanidade contra microrganismos resistentes a medicamentos não está a correr muito bem… Um novo estudo revelou um aumento alarmante de superbactérias em bebés recém-nascidos.
A resistência aos antibióticos tornou-se rapidamente numa das principais causas de morte da nossa espécie, sendo responsável por cerca de 5 milhões de mortes a nível mundial em 2019. Esse número já ultrapassa o total anual de mortes por VIH/SIDA ou malária, e o perigo das infeções resistentes a medicamentos só deverá aumentar.
De acordo com um novo estudo, publicado na edição de setembro do Lancet Regional Health – Western Pacific, estas chamadas superbactérias também podem ser alarmantemente prevalentes em bebés recém-nascidos.
Tão prevalentes ao ponto de, por exemplo, os tratamentos de primeira linha contra a sépsis já não serem eficazes contra a maioria das infeções bacterianas.
Como detalha a Science Alert, os investigadores analisaram quase 15.000 amostras de sangue recolhidas, no Sudeste Asiático, de lactentes doentes em 10 hospitais de cinco países da região, entre 2019 e 2020.
O estudo revelou taxas elevadas de não suscetibilidade a antibióticos frequentemente prescritos e recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a sépsis neonatal.
Nos 10 hospitais incluídos neste estudo, a resistência antimicrobiana (RAM) era assustadoramente comum entre as bactérias causadoras de doenças.
“O nosso estudo destaca as causas das infeções graves em bebés de países do Sudeste Asiático com taxas elevadas de sépsis neonatal e revela uma carga alarmante de RAM que torna ineficazes muitas das terapias atualmente disponíveis para recém-nascidos”, afirma, à Science Alert, a coautora do estudo, Phoebe Williams, pediatra na Universidade de Sydney (Austrália).
“As diretrizes devem ser atualizadas para refletir os perfis bacterianos locais e os padrões de resistência conhecidos. Caso contrário, as taxas de mortalidade só vão continuar a subir”, acrescenta.
A situação é agravada pela escassez de novos antibióticos em desenvolvimento para bebés, explica, por seu turno, a coautora Michelle Harrison, da Escola de Saúde Pública da Universidade de Sydney.
“Demora cerca de 10 anos até um novo antibiótico ser testado e aprovado para bebés. Com tão poucos candidatos a novos medicamentos à partida, precisamos de um investimento significativo no desenvolvimento de antibióticos”, alerta.
Bactérias Gram-negativas abundantes, como E. coli, Klebsiella e Acinetobacter, foram responsáveis por quase 80% das infeções estudadas.
“Estas bactérias eram há muito consideradas causadoras de infeções apenas em bebés mais velhos, mas estão agora a infetar bebés nos seus primeiros dias de vida”, apontou Williams.
A urgência da sépsis neonatal raramente permite tempo para testes laboratoriais que identifiquem o agente responsável, por isso os médicos fazem frequentemente suposições fundamentadas com base em investigação publicada. No entanto, isso parece resultar cada vez menos. Pelo menos, em países menos desenvolvidos, como os analisados neste estudo.