As tentativas de fraudes financeiras continuam a aumentar e algumas são cada vez mais inovadoras. Depois do uso de imagens de entidades oficiais, como as do Banco de Portugal (BdP) e da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), dos ministérios da Finanças e da Saúde, ou de empresas de serviços – que continuam a verificar-se –, estão a aumentar as que usam o nome e a imagem de personalidades públicas portuguesas para promover investimentos fraudulentos, à semelhança do que tem vindo a acontecer noutros países.

Em comunicado divulgado nesta quinta-feira, a CMVM alerta para situações de “pessoas que indevidamente se apresentam como representando essas instituições (ou como colaboradores das mesmas), usando de forma abusiva e ilegítima a sua identidade”.

“Os contactos fraudulentos reportados são geralmente efectuados através de redes sociais, de contactos telefónicos, de mensagens da aplicação WhatsApp ou de email, e são estabelecidos com o pretexto de oferecer serviços de intermediação financeira ou propor oportunidades de investimento”, refere o comunicado da CMVM, que surge um dia depois de um outro alerta feito pelo Banco de Portugal.

Os casos mais conhecidos em Portugal envolvem ex-presidentes de bancos e outras figuras mediáticas.

Um dos exemplos recentes envolveu o presidente do ISEG – Lisbon School of Economics and Management, João Duque, que emitiu um comunicado alertando para o uso indevido do seu nome e imagem na promoção de produtos financeiros. “Tendo tomado conhecimento de que a minha imagem está a ser usada por desconhecidos para promoção e venda de produtos financeiros, informo que tais posts ou vídeos são falsos, estando a minha imagem a ser usada de forma fraudulenta e não autorizada, pois que não me encontro associado a qualquer instituição ou campanha nesse sentido”, lia-se no comunicado recentemente divulgado pelo professor de Finanças.

Noutros países, são inúmeros os casos na área financeira, como o de uso indevido da imagem de Martin Wolf, um dos mais influentes comentadores do jornal Financial Times, para promover investimentos, ou da cantora Taylor Swift, para “vender” outros produtos.

CMVM cria área dedicada à fraude

A entidade supervisora do mercado de capitais aconselha “a quem tenha recebido, ou venha a receber, um contacto deste tipo, através do qual pessoas que não conhece invocam o nome de instituições financeiras devidamente autorizadas e supervisionadas pela CMVM ou de personalidades públicas, não confie automaticamente na veracidade dos mesmos”, não devendo efectuar qualquer acção solicitada neste enquadramento.

E a título de exemplo refere que não devem ser descarregados anexos, aceder a links fornecidos, ou não se deve permitir acesso remoto ao telefone e/ou computador por meio de aplicações de partilha de dados (ecrã). E ainda que não devem ser fornecidas credenciais de acesso a contas em instituições financeiras, transferir valores para a realização de supostos investimentos, pagamento de supostas comissões, seguros ou impostos, nem transferir/reforçar o envio de valores para alegada recuperação de investimento anteriormente realizado.

A entidade supervisora, que recentemente criou uma nova área do Portal do Investidor dedicada à fraude, onde são dadas informação que ajudam a identificar um esquema fraudulento, apela à denúncia de situações fraudulentas, através da Linha de Apoio ao Investidor – 800 205 339 – ou enviando uma mensagem para o email investidor@cmvm.pt. Mas também junto das autoridades competentes para a investigação e repressão de ilícitos criminais.

A entidade disponibiliza ainda a lista de intermediários financeiros autorizados a prestar serviços de investimento em Portugal.