Conheciam-se há pouco tempo, ter-se-ão desavindo e não há qualquer indício que relacione o crime com tráfico ou consumo de droga. A Polícia Judiciária (PJ) dá esta sexta-feira mais detalhes sobre o homem que foi encontrado decapitado no Pátio Salema, junto ao Rossio, no centro de Lisboa, e cuja cabeça foi entregue na quinta-feira por um homem no Hospital de São José.
Esse homem, um cidadão estrangeiro de 29 anos, é o principal suspeito do crime, tendo sido detido pela PJ e estando “fortemente indiciado pela prática dos crimes de homicídio qualificado, profanação de cadáver e posse de arma proibida”. Após várias diligências, foram “apreendidos diversos objectos com interesse probatório, entre eles a faca que se presume tenha sido utilizada na consumação do crime”.
Recorde-se que, na tarde de 31 de Julho, o suspeito se apresentou voluntariamente no Hospital de São José transportando consigo uma cabeça humana. Segundo afirma a PJ, os elementos recolhidos “apontam no sentido de a cabeça humana pertencer à vítima”.
Não são ainda conhecidas as razões pelas quais o crime terá sido cometido, mas a PJ aponta a “razões de índole pessoal”, apesar de os dois homens se conhecerem há pouco tempo. “Não foi recolhido qualquer indício que relacionasse o crime com o tráfico ou o consumo de estupefacientes”, detalha ainda este órgão de polícia, que continua a investigar o caso.
O Pátio Salema é uma rua estreita e sem saída, que se inicia no Largo de São Domingos, nas traseiras do Rossio, no centro histórico de Lisboa, e nas imediações do Coliseu. Foi aqui que foi cometido o homicídio. A vítima é estrangeira, estando em situação regular no país, informa a PJ. Tinha 34 anos. O seu torso foi descoberto na quarta-feira pelas 6h, pelo vigilante de uma obra que decorre neste local.
O suspeito será agora presente a primeiro interrogatório judicial para aplicação das medidas de coacção.
Casos deste género contam-se pelos dedos. Um dos últimos de que há memória remonta a 1996, quando o sargento que comandava o posto da GNR de Sacavém matou a tiro um toxicodependente apanhado a roubar. Depois, para ocultar o crime, decapitou a vítima, abandonando o corpo num descampado próximo do Tojal e escondendo a cabeça num canavial na zona de Chelas. Contou com a cumplicidade de dois colegas. Condenado a 17 anos de cadeia, foi posto em liberdade condicional em 2007.
Mais recentemente, em 2023, um português de 52 anos desmembrou o companheiro com quem vivia, outro português de origem brasileira, com 47 anos. Parte dos restos mortais foram encontrados escondidos em sacos plásticos num espaço rural da zona do Cadaval, no distrito de Lisboa, mas também aqui a cabeça estava em falta. Foi sentenciado no ano passado a 24 anos de prisão, apesar de nunca ter assumido a autoria do homicídio, mas apenas o esquartejamento. com Ana Henriques