Sobre a chamada desta quinta-feira em concreto, Donald Trump escreveu que esta foi “muito produtiva”, com Putin a congratular o homólogo americano pelo acordo de paz no Médio Oriente
A Casa Branca avançou a hipótese, o Kremlin deu uma certeza e depois Donald Trump confirmou. Depois de mais de duas horas de conversa entre os presidentes de Estados Unidos e Rússia, há conversas sobre um novo encontro.
De acordo com o próprio chefe de Estado americano, Donald Trump e Vladimir Putin vão encontrar-se na capital da Hungria, Budapeste, num país liderado por Viktor Órban, o mais próximo aliado de Moscovo dentro da União Europeia. Trump não especificou quando vai ocorrer este encontro.
Antes disso, e conforme avançou o presidente norte-americano na sua Truth Social, haverá uma reunião ao mais alto nível entre os conselheiros de ambos os lados, com o secretário de Estado Marco Rubio a marcar presença nos primeiros encontros.
Sobre a chamada desta quinta-feira em concreto, Donald Trump escreveu que esta foi “muito produtiva”, com Putin a congratular o homólogo americano pelo acordo de paz no Médio Oriente.
“Na verdade, acredito que o sucesso no Médio Oriente vai ajudar nas nossas negociações para pôr fim à guerra entre a Rússia e a Ucrânia. O presidente Putin agradeceu à primeira-dama, Melania, pelo seu envolvimento com as crianças. Ele ficou muito agradecido e disse que isso vai continuar”, disse o líder americano.
Trump referiu também que vai falar sobre a conversa com o presidente russo com o chefe de Estado ucraniano, Volodymyr Zelensky, que vai a Washington DC esta sexta-feira.
“Acredito que foi feito um grande progresso com a conversa telefónica de hoje”, concluiu Trump.
Do lado russo, o enviado especial de Putin, Kirill Dmitriev, afirmou que a chamada foi “positiva, produtiva e estabeleceu claramente os próximos passos”.
Mais tarde, o conselheiro do presidente Yuri Ushakov disse que os dois países começaram “imediatamente” a prepararem-se para o encontro entre os dois líderes.
“Os presidentes discutiram a possibilidade de realizar outra reunião pessoal. Este é realmente um ponto muito importante. Foi acordado que os representantes dos dois países tratarão imediatamente da preparação da reunião, que pode ser organizada, por exemplo, em Budapeste”, disse Ushakov, citado pela Tass.
Ushakov referiu que Trump sugeriu a cidade de Budapeste e Putin “aceitou imediatamente”.
Esta foi a oitava chamada entre Donald Trump e Vladimir Putin desde que o presidente dos EUA tomou posse para um segundo mandato. A primeira conversa entre ambos ocorreu a 12 de fevereiro, seguida por outra a 18 de março.
Logo a seguir às negociações diretas entre equipas russas e ucranianas na Turquia, os dois presidentes falaram a 19 de maio e 4 de junho. Dez dias depois, 14 de junho, Trump ligou a Putin para lhe dar os parabéns, numa chamada em que abordaram também o conflito no Médio Oriente.
O contacto mais relevante entre os dois líderes ocorreu a 15 de agosto em Anchorage, no Alasca, onde Trump e Putin se reuniram presencialmente. A última conversa tinha ocorrido a 19 de agosto, poucos dias após o encontro em território americano.
As ameaças americanas
Os últimos dias foram marcados por várias ameaças dos líderes americanos a Moscovo. Ainda esta quarta-feira, em Bruxelas, o secretário da Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, afirmou que os EUA e os seus aliados estão prontos para impor custos à Rússia pela sua agressão contínua, caso a guerra na Ucrânia não chegue ao fim.
“Se tivermos de dar esse passo, o Departamento de Guerra dos EUA está preparado para fazer a sua parte, de formas que só os Estados Unidos podem fazer”, afirmou Hegseth durante uma reunião do Grupo de Contacto para a Defesa da Ucrânia na sede da NATO.
Também na quarta-feira, Trump referiu que obteve a confirmação do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, de que o seu país vai parar de comprar petróleo russo e que vai pressionar a China a fazer o mesmo.
Em resposta a estas afirmações e à ameaça de envio de mísseis Tomahawk para a Ucrânia, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou que tal ação levaria a uma “escalada muito séria de tensões”.
“Além de transformar a ‘guerra de Joe Biden’ [ex-Presidente dos Estados Unidos] na ‘guerra de Donald Trump’, isto levará a uma escalada muito séria de tensões entre a Rússia e os Estados Unidos. Não tenho dúvidas de que eles compreendem isso”, disse Lavrov.