O telefonema com Trump deu-se a pedido russo.
Um dos principais pontos em discussão foi a possibilidade dos EUA fornecerem a Kiev mísseis de longo alcance Tomahawk, norte-americanos.Os Tomahawk podem atingir alvos a 2.500 quilómetros, colocando Moscovo ao alcance do exército ucraniano. Podem ainda transportar cargas nucleares.
Ao comentar a conversa, Zelensky ironizou. “Podemos ver a pressa da Rússia para retomar o diálogo mal ouviu falar dos mísseis Tomahawk“, afirmou.
Ao escrever esta tarde no Telegram, Volodymyr Zelenskiy não se referiu diretamente ao acordo de Trump com Putin para uma nova cimeira, em Budapeste, em data a determinar.
Trump antecipou depois, ao responder a jornalistas na Casa Branca, que o encontro se irá dar em breve. “Diria que dentro de duas semanas ou algo assim, bastante depressa”, respondeu.
Zelensky escreveu ser claro que a Rússia se sentiu pressionada a retomar o diálogo “ao ouvir falar dos Tomahawks”, referindo-se à sugestão de Trump, domingo passado, de que poderia fornecer estes mísseis a Kiev. Zelensky já garantiu que os alvos ucranianos serão somente militares.
Antecipando o seu encontro com Trump amanhã, Zelensky disse esperar que o “ímpeto” para conter o “terrorismo e a guerra” — que “funcionou bem no Médio Oriente” — ajude a pôr fim à guerra na Ucrânia.
“Putin não é certamente mais corajoso do que o Hamas ou qualquer outro terrorista“, escreveu, acrescentando que “a linguagem da força e da justiça” também funcionará contra a Rússia.
A iniciativa de Putin e a marcação da cimeira de Budapeste deverá levar Trump a adiar a entrega dos Tomahawk, que poderia estar já na calha, do ponto de vista de Kiev.
Zelensky terá de recorrer a toda a sua capacidade negocial para convencer Trump a pressionar Putin entregando os Tomahawk a Kiev.
Ameaças russas
Domingo passado, o presidente dos EUA, admitiu a possibilidade de enviar os Tomahawk aos europeus que os iriam entregar a Kiev, se Putin não se sentasse à mesa das negociações.
O Kremlin reagiu em fúria e falou em “escalada” caso a hipótese se concretize.
Esta tarde, Putin avisou Trump que o fornecimento dos mísseis prejudicaria o processo de paz e os laços entre os EUA e a Rússia, referiu o Kremlin.
Trump e Putin consideraram que a conversa desta quinta-feira foi “boa e produtiva” e que se registaram “grandes avanços”, tendo acordado um novo encontro em Budapeste, Hungria, em data a divulgar.
Donald Trump prometeu partilhar o teor de toda a conversa com Zelensky, sexta-feira.
O presidente ucraniano deverá pedir ao homólogo norte-americano que não afaste a possibilidade de envio dos Tomahawk e solicitar armas que permitam fortalecer a defesa aérea ucraniana, de forma a criar um escudo que proteja o país e as infraestruturas energéticas dos ataques com mísseis e drone russos.