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Um estudo com ratinhos revelou que a descendência concebida depois de o pai ter tido COVID-19 apresenta níveis mais elevados de ansiedade. Tais alterações devem-se a diferenças nos RNA não codificantes do esperma, que estão envolvidos na regulação da expressão de genes específicos.

Um estudo publicado no sábado na Nature Communication revelou que a COVID-19 poderá ter efeitos duradouros nas gerações futuras, decido a modificações no esperma.

“Já sabíamos que, quando os ratos machos eram expostos a fatores ambientais e de estilo de vida específicos, como uma dieta pobre antes do acasalamento, isso podia alterar o desenvolvimento do cérebro e o comportamento da descendência. Isto deve-se ao facto de as experiências do pai poderem alterar a informação transportada pelo esperma, incluindo moléculas de RNA específicas, que transmitem instruções para o desenvolvimento da descendência”, explicaram , em comunicado, os investigadores do Florey- Instituto de Neurociência e Saúde Mental em Melbourne (Austrália).

A equipa quis estudar se o vírus COVID-19 afetaria de forma semelhante o RNA do esperma e a descendência resultante. Todos os descendentes de pais afetados pela COVID-19 apresentaram um aumento dos comportamentos de ansiedade.

“Deixámos que os ratos machos recuperassem da infeção por SARS-CoV-2 durante algumas semanas antes de acasalarem com fêmeas saudáveis. Descobrimos que a descendência resultante apresentava comportamentos mais ansiosos, quando comparados com a descendência de pais não infetados”, disse a primeira autora do estudo, Elizabeth Kleeman.

A análise do RNA do esperma dos pais infetados mostrou que, de facto, a COVID-19 tinha alterado várias moléculas, incluindo algumas envolvidas na regulação de genes que se sabe serem importantes para o desenvolvimento do cérebro.

“Estes resultados sugerem que a pandemia de COVID-19 pode ter efeitos duradouros nas gerações futuras. As nossas descobertas sublinham a importância de compreender os impactos deste vírus e desta doença infeciosa, não só nas pessoas diretamente infetadas, mas também nos seus filhos, que podem ser afetados pela experiência dos seus pais com a COVID-19”, lê-se no comunicado.

“Se as nossas descobertas se traduzirem em seres humanos, isto poderá ter impacto em milhões de crianças em todo o mundo e nas suas famílias, com grandes implicações para a saúde pública”, acrescentaram.


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