Feito o diagnóstico, Trump apresentou também um remédio: uma cimeira a três em Budapeste, na Hungria. A possibilidade de um frente a frente entre Zelensky e Putin chegou a ser avançada depois da cimeira no Alasca, em meados de agosto, mas nunca foram definidos mais detalhes. Neste sentido, o facto de o encontro já ter lugar marcado e data alinhavada — deverá acontecer antes do final do mês, segundo indicou Trump na quinta-feira — é um passo à frente. Ainda assim, o líder norte-americano admitiu que os “termos ainda estão a ser decididos”.
“Estes líderes não gostam um do outro e nós queremos que estejam confortáveis. Será a três, mas podem estar separados”, explicou. Ou seja, os três Presidentes (dois em guerra e um mediador) vão viajar para Budapeste, mas as negociações podem não ser feitas diretamente, mas através de duas reuniões: uma entre os Estados Unidos e a Rússia e outra entre os Estados Unidos e a Ucrânia. Mesmo quando não apresenta detalhes, Trump apresenta uma certeza: tal como no Médio Oriente, um acordo entre Kiev e Moscovo deve “acabar com os tiros”, “acabar com as mortes” e ser “para sempre”.
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Sentado do outro lado da mesa de Trump, Zelensky ouviu mais do que falou. Quando o anfitrião lhe passou a palavra, não hesitou em renovar elogios sobre o acordo de paz que marcou a semana e repetir apelos para o “ímpeto” pacificador chegue à Ucrânia. Mas o sempre presente acordo entre Hamas e Israel não serviu apenas de mote para Zelensky deixar elogios, mas também avisos.
Isto porque, na visão do líder ucraniano, um cessar-fogo é a prioridade para parar os ataques contra civis ucranianos, mas, como a situação atual no Médio Oriente revela, manter de pé esse cessar-fogo é igualmente difícil. A chave de Kiev para esta segunda fase ser bem sucedida não se alterou e continua a passar pelas “garantias de segurança“.
Questionado pelos jornalistas sobre se estaria disposto a fazer concessões, à semelhança do Governo israelita e dos grupos armados palestinianos, por exemplo na questão da adesão à NATO, Zelensky não se comprometeu. “O que precisamos é de garantias de segurança. A NATO é a melhor, armas são importantes, aliados do nosso lado são importantes, mas garantias bilaterais entre mim e o Presidente Trump são muito importantes”, afirmou, exaltando a parceria com os Estados Unidos porque “são muito fortes”.