Smithsonian’s National Zoo / Flickr

Heterocephalus glaber, também conhecido por rato-toupeira-nu

São feios? Há quem diga que sim. Mas, pelo menos, vivem de forma saudável durante quase quatro décadas. Agora, os cientistas descobriram exatamente como os ratos-toupeira-nus reparam o seu ADN – o que pode vir a ser aproveitado para que os humanos façam o mesmo.

Num estudo publicado na semana passada na Science, investigadores da Universidade Tongji, em Xangai, descobriram o motivo pelo qual estes curiosos pequenos roedores (Heterocephalus glaber) têm uma esperança de vida tão extraordinária.

O segredo está alterações em quatro resíduos de aminoácidos dotam os ratos-toupeira-nus de uma espécie de caixa de ferramentas genética que lhes permite realizar reparações em todos os seus órgãos e prevenir a morte celular (senescência).

Como lembra a New Atlas, os cientistas tinham descoberto já que o sensor de ADN cíclico guanosina monofosfato–adenosina monofosfato sintetase (cGAS) era o responsável por impulsionar esta reparação em todo o organismo, remendando quebras duplas das cadeias de ADN para estabilizar o genoma. No entanto, a forma como isto acontecia permanecia um mistério até agora.

Utilizando biologia molecular comparativa com o cGAS humano – que, na realidade, inibe a reparação do ADN – os cientistas descobriram que a enzima do rato-toupeira-nu possui quatro alterações fundamentais que facilitam o importante trabalho que prolonga a sua vida e os mantém saudáveis e livres de doenças por um período notavelmente longo.

Quando a enzima cGAS do roedor foi inserida em células humanas e de rato no laboratório, os investigadores observaram que esta aumentava significativamente a capacidade das células de reparar o ADN e, por conseguinte, reduzia os sinais moleculares do envelhecimento.

Quando modificaram geneticamente moscas-da-fruta para produzirem o cGAS do rato-toupeira-nu, os insetos viveram cerca de 10 dias mais do que o esperado. Embora isto possa não parecer muito, estas moscas vivem apenas cerca de 40 dias, pelo que representa uma extensão significativa da sua esperança de vida.

Quando ratos vivos foram equipados com o cGAS do rato-toupeira-nu, os roedores envelhecidos mostraram-se menos frágeis, tinham menos pelos grisalhos e órgãos mais saudáveis durante mais tempo do que os animais de um grupo de controlo.

“Esta alteração confere ao cGAS do rato-toupeira-nu uma maior capacidade para estabilizar o genoma, contrariar a senescência celular e o envelhecimento dos órgãos, e promover uma vida e um período de saúde prolongados”, observaram os investigadores, citados pela New Atlas.

Dadas as semelhanças biológicas entre humanos e ratos-toupeira-nus, acredita-se que isto se pode traduzir num prolongamento da nossa própria longevidade e saúde. Contudo, admitem que é uma realidade ainda distante.


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