Fonte do partido explica ao DN que essas mesmas incertezas aconselharam uma decisão diferente para a candidatura ao concelho. No entanto, nas urnas tornou-se a primeira mulher a liderar o concelho, com 43,5% dos votos. Os três mandatos não lhe garantem maioria e o PS, que teve António Figueiredo a concurso, tem dois vereadores, fruto dos pouco mais de 23% de votação. Ver-se-á se os socialistas apoiam Pimentel ou se é o PSD a viabilizar políticas (tem dois vereadores também).
Em Soure, Rui Fernandes desfiliou-se do PS para protagonizar uma lista independente. Foi eleito pelo movimento “Novo Ciclo” e retirou os socialistas da presidência daquela autarquia, onde liderava há 20 anos. O movimento obteve 37,8% (4063 votos) e três eleitos, o mesmo número de eleitos pelo PS, liderado por João Gouveia, que teve 33,8% (3629 votos). Carlos Páscoa, do PSD, pode servir de desempate, sem ser necessária a negociação com o PS.
Por fim, no distrito de Coimbra também em Vila Nova de Poiares, houve dissidência do PS. Nuno Neves era presidente da Junta de Freguesia de Poiares (Santo André) e foi preterido pela concelhia, que optou por Lara Oliveira. Ganhou com 40,39%, sendo seguido pelo PSD, com 34,91%, deixando o PS apenas com 16,35%. Nos três casos, tratava-se de uma eleição em que saíam os incumbentes, mas as escolhas da concelhia, sabe o DN, irão ser analisadas pelos órgãos nacionais. Nos vários casos de Coimbra, houve desfiliações efetivas, contudo em caso de candidatura os estatutos do PS colocam uma candidatura fora da esfera PS como “infração disciplinar, qualificada como falta grave”, originando a expulsão.
No distrito de Braga, em Vizela, o presidente de câmara em funções, Victor Hugo Salgado, recandidatou-se em nome próprio, para o terceiro mandato, depois de o PS nacional ter retirado o apoio à sua candidatura devido a uma investigação por alegada violência doméstica. Era o líder da concelhia local, mas foi substituído dessa função também. Ainda assim, o PS não apresentou candidato para destronar o antigo militante. A vitória por 71,96 %, com seis de sete vereadores, é das mais esclarecedoras do país. No discurso de vitória falou em “mal-agradecidos, ratos e frustrados”.
Em Figueiró dos Vinhos, do distrito de Leiria, Carlos Lopes fez um longo caminho como independente: ex-deputado socialista, preterido pelo partido há 12 anos em prol de Jorge Abreu, foi vereador eleito em 2017 e 2021 e conseguiu a ansiada vitória. Beneficiou da saída do incumbente e da polémica escolha socialista de apostar no ex-social-democrata José Carlos Quintas. O PS, com 20%, teve pouco menos de metade do antigo deputado, que agora, com dois vereadores, ou negoceia com o PSD ou com o antigo partido.
Em Salvaterra de Magos, Santarém, o Movimento Juntos Fazemos Mais obteve 38% dos votos e ganhou em todas as freguesias. Helena Neves foi militante comunista, foi deputada pelo Bloco de Esquerda e integrava a autarquia como vice-presidente. Não foi a escolhida e logrou 38% dos votos e três vereadores.
Em Setúbal, no Montijo, romperam-se 28 anos de governação socialista. Fernando Caria encabeçou o projeto Montijo com Visão e Coração. Depois de exercer o cargo de presidente da Junta da União das Freguesias de Montijo e Afonsoeiro durante três mandatos, eleito pelo PS, avançou como independente e frustrou os socialistas, mas também o Chega, que acreditava na vitória. Caria tem três vereadores, o Chega dois, PS e PSD um cada. O pedido de recontagem de votos proveniente do Chega, após a derrota por 600 votos, permitiu ao PS ganhar, sim, mais um deputado na Assembleia municipal.
Por fim, nos Açores, em Santa Cruz das Flores, Maria Nóia ganhou por sete votos ao PSD e frustrou o antigo partido, onde fez várias vezes parte das listas nas Flores. Ivan Castro, empresário, tinha sido o escolhido para suceder a José Carlos Mendes, em limitação de mandatos, mas o PS foi a terceira força mais votada.