Guilherme Valente, o editor de sempre da Gradiva, jubila-se e confia este património a Manuel S. Fonseca, editor da Guerra e Paz. Não é uma revolução em marcha. É uma renovação para acompanharmos de perto.

O nome da editora encerra em si um romance épico, um colosso da literatura, mensagens subliminares e, ousadia nossa, um amor descarado pelos livros. “Guerra e Paz” não é um exclusivo de Tolstoi. É, também, nome de uma editora criada em 2006 por Manuel S. Fonseca, instalada num prédio pelas bandas do Conde Redondo, em Lisboa, com vista para um café cujo nome Platão não desdenharia. Durante muitos anos, conta-nos o editor, ali almoçava António Lobo Antunes. Eduardo Prado Coelho foi outro habitué nos tempos em que escrevia o seu último livro.

Viajar nesta luz à velocidade das referências literárias que vão saindo, naturalmente, a Manuel S. Fonseca, é combinar conversa com perguntas. Queremos saber como lhe foi confiado o ‘planeta Gradiva’. Parece que tudo aconteceu durante umas tertúlias “mínimas”, que reúnem três indivíduos, para discutir “todos os aspetos da vida editorial”. E muito mais. “O Guilherme [Valente] e eu somos amigos de longa data. Tenho acompanhado a vida da Gradiva na mesma dimensão em que os meus dois amigos editores [dessa tertúlia] acompanham a vida da Guerra e Paz.” Um sorriso discreto antecede a rajada. “Partilhamos dramas, vitórias, discutimos imenso política, desencontramo-nos, mesmo nas estratégias para a vida editorial. Mas é isso que faz a riqueza dos encontros. E eu sabia que havia uma vontade no Guilherme de parar. E há uns meses esta parte foi-me dizendo se eu queria ficar com a editora. Eu achei que era uma forma gentil, simpática, de pôr as coisas, mas nunca o levei a sério.”

Conteúdo reservado a assinantes. Leia aqui o conteúdo completo. Edição do Jornal Económico de 17 de outubro.