LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • Uso de aplicativos de fitness cresceu significativamente, movimentando quase US$ 4 bilhões no último ano.
  • Apenas 8% das pessoas buscam orientação profissional antes de iniciar dietas ou treinos, levantando preocupações sobre a saúde.
  • Especialistas alertam que o uso de aplicativos sem acompanhamento pode gerar riscos à saúde física e mental, como compulsão e lesões.
  • Embora possam ser úteis como complemento, aplicativos não substituem a orientação e avaliação profissional na prática de exercícios e dietas.

Produzido pela Ri7a – a Inteligência Artificial do R7

Usados corretamente, aplicativos de fitness podem ser aliados poderososUsados corretamente, aplicativos fitness podem ser aliados poderosos Divulgação/Freepik

O uso de aplicativos fitness e de alimentação cresceu de forma expressiva nos últimos anos. Em 2024, 345 milhões de pessoas utilizaram esse tipo de plataforma, movimentando US$ 3,98 bilhões em receita, segundo dados do portal britânico Business of Apps.

A tendência surge em meio a um cenário preocupante: o Atlas Mundial da Obesidade 2025, da Federação Mundial da Obesidade, aponta que 68% dos brasileiros estão acima do peso, sendo 31% obesos e 37% com sobrepeso.

Apesar da busca por hábitos mais saudáveis, apenas 8% das pessoas procuram um profissional de saúde antes de iniciar uma dieta. Especialistas ouvidos pelo R7 alertam que, embora esses aplicativos tenham o potencial de ser aliados na rotina, o uso deles sem orientação pode trazer riscos à saúde física e mental.

Aplicativo não ‘enxerga’ o ser humano

De acordo com o nutricionista clínico esportivo e funcional Vinicius Martins, da Clínica Evoá, em Brasília, seguir planos alimentares oferecidos por aplicativos sem acompanhamento profissional pode acarretar uma série de problemas.

“Isso pode acabar trazendo diversos riscos à saúde física e também à saúde mental, podendo causar, além dos desequilíbrios nutricionais, alguns transtornos alimentares, ganho de peso, reganho de peso e o agravamento de quadros psicológicos, principalmente ansiedade e compulsão”, explica.

Ele afirma já ter atendido pacientes influenciados pelos apps e destaca que as plataformas são limitadas ao lidar com questões humanas.

“O aplicativo não consegue ver o paciente como ele deve ser visto, como a questão cognitiva, como a questão mental, como a questão do emocional. Ele não enxerga se a pessoa está estressada, ansiosa ou compulsiva. Não existe uma leitura do paciente como ser humano.”

Riscos e benefícios

A professora de Educação Física do CEUB, Leandra Batista, alerta que treinar com base apenas em aplicativos, sem avaliação prévia, pode gerar consequências sérias.

“A prática de exercícios orientada apenas por aplicativos, sem avaliação prévia, aumenta significativamente o risco de lesões musculoesqueléticas, sobrecarga articular e fadiga crônica”, ressalta.

Segundo ela, a avaliação física individualizada é fundamental para identificar limitações e condições clínicas que exijam cuidados específicos. “Sem isso, o usuário pode entrar em programas de alta intensidade que excedem sua capacidade fisiológica, resultando em inflamações e microlesões”, adverte.

Para Fernando Castro, também educador físico, o ideal é unir a praticidade da tecnologia à supervisão de um profissional, para que o treino seja realmente eficiente e seguro.

“Esses aplicativos podem, sim, ajudar no início, por tornarem o exercício mais acessível e estimularem o hábito. Mas, a médio prazo, sem orientação profissional, costumam gerar erros de execução e treinos mal direcionados”, alerta.

Leandra concorda: “Os aplicativos de treino podem democratizar o acesso à atividade física, principalmente por meio de gamificação, feedback instantâneo e conveniência. Mas não substituem o olhar clínico e pedagógico do profissional.”

App como ponto de partida

A estudante Thauane Silva, 20, começou a praticar exercícios com a ajuda de um aplicativo, mas buscou orientação profissional logo após.

“Depois do uso do aplicativo, comecei a treinar com um profissional, por querer um treino personalizado, mais específico, que me ajudaria a ganhar mais resultados. Mas tive experiências positivas com o app, foi a maneira que encontrei no início da pandemia para sair do sedentarismo.”

Para ela, os aplicativos são complementos na rotina, e não substitutos do acompanhamento profissional. “Uso como complemento, para momentos em que estou limitada para treinar, durante uma viagem ou naqueles dias em que quero fazer um treino rápido”, conta.

A estudante de administração Anne Carolinne também encontrou a ferramenta por indicações nas redes sociais. “Comecei por influência de blogueiras fitness e quis testar também. O app me ajudou a manter uma rotina de exercícios, principalmente de corrida. Os troféus e recordes pessoais me incentivam a continuar.”

*Sob supervisão de Leonardo Meireles

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