Comentador analisou como a escolha da localização para o próximo encontro entre Trump e Putin causou um embaraço à União Europeia

No seu habitual espaço de comentário no Jornal Nacional da TVI, Paulo Portas explicou como a escolha da Hungria como a localização do encontro entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o seu homólogo russo, Vladimir Putin pode ser um embaraço para a União Europeia. “A localização é um tabefe violento à Europa”, refere. 

O comentador acrescenta que “é preciso descaramento” para escolher a Hungria para este encontro já que o país “é a quinta coluna da Rússia de Putin dentro do Conselho Europeu”. Portanto, volta a vincar, “isto é um tabefe à Europa e acho surpreendente que não tenha havido uma reação”.

Nesse seguimento, Paulo Portas sublinha que os esforços da Ucrânia em conseguir mais apoio por parte dos Estados Unidos voltaram ao mesmo patamar em que estavam há “uns meses atrás” com a recusa de Trump em fornecer à Ucrânia os mísseis Tomahawk durante uma reunião na Casa Branca no início desta semana. 

“Donald Trump faz uma reunião pouco feliz com Zelensky, onde lhe diz basicamente que não lhe dará os mísseis de médio ou longo alcance. Portanto, condena a Ucrânia a uma posição defensiva. Não pode atacar a Rússia na base e na origem do seu poder”, afirma o comentador. 

Em contraste, e no seguimento dessa reunião, Portas abordou o telefonema entre o presidente dos EUA e Putin, sublinhando que o líder norte-americano acabou por favorecer o presidente russo, legitimando-o. 

“Aparentemente, Putin fez-lhe muitos elogios no telefonema que antecedeu a divulgação desta reunião e, se ao menos existisse disponibilidade da Rússia para fazer um cessar-fogo, teria alguma utilidade.” Senão, a única coisa que faz é legitimar Putin na área internacional”, sublinha.

Na análise deste domingo, Paulo Portas destacou também uma das principais preocupações de Vladimir Putin neste momento: os vários milhões em ativos russos congelados na União Europeia. “Isto sim, é uma das poucas coisas que preocupa Putin. Porque o dinheiro é dos seus amigos ou dele próprio”.

“São mais de 300 mil milhões de euros que estão no Ocidente, a Europa tem grande parte deles e acrescentou dois países do G7 à proposta que irá discutir no Conselho Europeu”, afirma Portas, explicando que a proposta tem por base “utilizar, com uma engenhosa construção jurídica, os ativos congelados, não apenas os juros, para financiar a Ucrânia, com pelo menos 140 mil milhões de euros”. 

Contudo, destaca, “obviamente os bancos não adoram isto”. “Isto pode criar um problema de confiança, mas a verdade é que Canadá e Reino Unido se juntaram às grandes potências europeias e em particular à Alemanha, que têm a noção do que é o perigo de Vladimir Putin”.