Um bebé nasceu numa ambulância dos Bombeiros Voluntários da Trafaria (Almada), anunciou aquela corporação, neste domingo, 19 de Outubro, numa publicação nas redes sociais.

Até 14 de Setembro deste ano, de acordo com dados do Instituto Nacional Emergência Médica (INEM), registaram-se mais de 150 partos fora do contexto hospitalar: 32 em ambulâncias (em todo o ano passado foram 28), 18 na via pública (em 2024, foram 17), um em cuidados de saúde primários e 103 em domicílio (144 em todo o ano 2024).

Os bombeiros da Moita já assistiram, só este ano, 15 partos em ambulâncias, o último dos quais ocorreu ainda no início deste mês, quando a ambulância ia a caminho do Hospital Garcia de Orta, em Almada.

A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, já admitiu que os nascimentos em ambulâncias não são desejáveis, mas defendeu que sempre existiram. Para debelar a escassez de profissionais de saúde, sobretudo de obstetras na Península de Setúbal, que leva ao encerramento dos serviços de urgência, a tutela anunciou já a criação do novo centro materno-infantil acoplado ao Hospital Garcia de Orta como solução para resolver o problema da falta de médicos.

Lisboa e Vale do Tejo é a região do país onde os serviços de urgência obstétricos têm fechado com maior frequência ao longo dos últimos dois anos, com especial incidência na Península de Setúbal. Ainda assim, a Direcção Executiva do SNS (DE-SNS) assegura que o número de encerramentos nos serviços de urgência é “substancialmente inferior” ao que foi registado em 2024. No Parlamento, Álvaro Almeida adiantou que, entre Junho e Agosto últimos, houve menos 35% de fechos face ao mesmo período de 2024, admitindo, ainda assim, que continuam a existir constrangimentos: “Os problemas estruturais não se resolvem num dia.”