A líder do Partido Liberal Democrático (LDP), Sanae Takaichi, está cada vez mais perto de se tornar a primeira primeira-ministra do Japão. Esta segunda-feira, 20 de Outubro, o Partido da Inovação do Japão (conhecido como Ishin) anunciou que estaria disposto a formar coligação com o LDP, que tem governado o Japão de forma quase ininterrupta desde o fim da II Guerra Mundial.

“A política deve ser sobre tomar riscos quando necessário para abrir novos caminhos”, disse o líder do Ishin e Governador de Osaka, Hirofumi Yoshimura, esta segunda-feira, durante uma entrevista televisiva.

No domingo, o comité executivo do partido Ishin deu a Yoshimura e ao seu parceiro de liderança Fumitake Fujita o poder necessário para avançar com as discussões para a formação de uma coligação com o LDP.

“Pensei de forma cuidadosa esta manhã e liguei a [Sanae] Takaichi para lhe dizer que concordamos com a formação de uma coligação. Vamos trabalhar juntos para fazer avançar o Japão”, acrescentou Yoshimura. Foi, no entanto, uma decisão difícil, assumiu. A maioria dos partidos que entraram numa coligação com o LDP “desapareceram”.

O acordo deverá ser formalizado às 18h locais (10h em Portugal continental) e termina com semanas de incerteza política no Japão. Esperava-se que Sanae Takaichi conseguisse o lugar de primeira-ministra logo depois de assumir a liderança do LDP. No entanto, o partido perdeu o seu parceiro de coligação dos últimos 26 anos, o Komeito, que não só se opõe à sua visão no que toca à segurança, como acredita que não foram capazes de prestar esclarecimentos sobre um escândalo de financiamento, que fez com que o LDP perdesse as duas câmaras da Dieta (parlamento japonês) em menos de um ano.

Esta terça-feira, 21, os deputados votam o nome do próximo primeiro-ministro. Com os 196 assentos do LDP na câmara baixa e 100 na câmara alta e os 35 assentos do Ishin na câmara baixa e 19 na câmara alta, a coligação fica a apenas poucos votos de uma maioria. Apesar disso, Takaichi mantém-se a favorita: se houver um voto de desempate com outro candidato, é provável que ela vença.

Em troca pelo apoio, o Ishin, criado em 2010 para abanar o establishment no Japão, espera algumas concessões. Entre elas, querem que Osaka se transforme numa segunda capital, em caso de desastre ou de emergência em larga escala em Tóquio, e várias reformas na segurança social. Entre as exigências específicas, estão o fim do IVA de 10% sobre produtos alimentares e a proibição de doações de empresas e organizações a partidos políticos.

No LDP esta última medida não colhe muitas simpatias. Além disso, Takaichi – que tem sido descrita como a Margaret Thatcher japonesa — pede menos impostos para ajudar os consumidores a lidar com a inflação, mas quer, por outro lado, maiores gastos públicos, o que pode levar a fricções com o Ishin, que defende a existência de um Governo mais pequeno.

A conservadora Takaichi quer ainda regras mais estritas no que toca a imigração, opõe-se ao casamento homossexual e insta os militantes do partido a trabalhar como “cavalos”.