O câncer de mama é amplamente conhecido, mas pouco se fala sobre o fato dele não se manifestar da mesma forma em todas as mulheres. A identificação de biomarcadores — que permite classificar os subtipos moleculares, ou seja, definir o “nome e sobrenome” do tumor —, aliada ao rastreamento e ao diagnóstico precoce, é essencial para orientar o tratamento mais adequado e melhorar os desfechos das pacientes.
“O câncer de mama é uma doença complexa e heterogênea. Graças ao avanço da ciência, hoje nós podemos dizer que o câncer de mama tem nome e sobrenome. A avaliação da sua biologia molecular, ou seja, a forma como as células tumorais se comportam, é essencial para definir o comportamento da doença e o seu tratamento”, explica a diretora médica da MSD Brasil, Márcia Datz Abadi. “Trazer essa clareza é essencial para que a paciente compreenda o processo, se sinta mais empoderada e participe ativamente das decisões.”
Os subtipos
A classificação de subtipo orienta o planejamento terapêutico, que engloba um arsenal de terapias disponíveis, — cirurgia, quimioterapia, radioterapia, terapias alvo, imunoterapia e hormonioterapia — sempre direcionados ao “nome e sobrenome” do tumor. A sequência e a combinação dessas terapias também dependem do subtipo.
Os três marcadores principais são os receptores hormonais (estrogênio — ER — e progesterona — PR) e a expressão aumentada da proteína HER2. Em termos gerais, podemos definir os subtipos a partir das combinações desses marcadores: há tumores que expressam ER e/ou PR, tumores HER2positivos, e aqueles que não apresentam nenhum dos três marcadores, chamados de câncer de mama triplonegativo (TNBC).
Essa definição do subtipo, aliada a outras características do tumor, como tamanho e presença, restrita ou não, na mama, é fundamental para o planejamento de tratamento.
Os tumores hormôniopositivos correspondem a cerca de 65% dos diagnósticos, sendo os mais comuns. Esses tumores têm boa resposta a hormonoterapia, tratamento amplamente utilizado nesses casos.
Os tumores HER2-enriquecidos também dispõe de terapia-alvo: as terapias anti-HER2, um avanço científico que transformou o tratamento desse subtipo.
Já o câncer de mama triplonegativo (TNBC), definido pela ausência dos três principais marcadores, representa entre 10% a 20% dos casos no Brasil. Esse subtipo tende a crescer e a se disseminar mais rapidamente que os demais, é mais frequente em mulheres com menos de 50 anos e em negras, e apresenta maior risco de recidiva precoce — especialmente nos primeiros cinco anos após o diagnóstico — podendo se espalhar para outros órgãos, como sistema nervoso central.
Avanços
Até poucos anos, o tratamento do câncer de mama triplo negativo limitava-se a cirurgia, radioterapia e quimioterapia, pela ausência de receptores hormonais e aumento da expressão da proteína HER2. Entretanto, nos últimos anos, houve avanços notáveis no tratamento.
Hoje, estudos como o KEYNOTE522 mostram que é possível reduzir as chances de recidivas e melhorar a sobrevida dessas pacientes ao se combinar a imunoterapia à quimioterapia. O uso de imunoterapia representa um avanço científico: ao estimular o sistema imune, em especial os linfócitos T, é possível mobilizar defesas do próprio organismo para reconhecer e eliminar células tumorais.
Além disso, olhando para o futuro do tratamento do câncer de mama, destacam-se terapias como os ADCs (antibody-drug conjugate ou anticorposdroga conjugados, em português), uma abordagem promissora que está sendo estudada em diversos contextos da doença para uma tratamento mais eficaz e seguro da doença.
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