Com 30 anos de trajetória na música, Frederico Melo aposta agora na literatura e lança seu primeiro livro, “Textos escolhidos – Poética do excesso silencioso”, na quarta-feira (22/10), às 19h, na Galeria Resistor, que estreia como editora.
Melo integra a banda Paralaxe, ao lado de Rafael Carneiro, projeto que mescla poesia e música eletrônica. “Sempre escrevi poemas e letras de música. As letras desaguaram em quatro discos da banda, já os poemas foram se desenvolvendo sem horizonte específico do que eu faria com eles. Inclusive, com o tempo, foram mudando de estilo”, conta o escritor.
O artista faz parte do Kallpp, projeto de música experimental e arte sonora. “Deste grupo participa Marcelo Kraiser, doutor em estudos literários. Ele leu minha última safra de poesias e me ajudou a entender as narrativas e o que minhas últimas escritas tinham de específico”, diz.
Escritas voltadas para canções e poesia são “completamente diferentes”, afirma. Para Melo, letra de canção serve a um conjunto maior de coisas que estão acontecendo, enquanto a poesia é descrita por ele como bruta, algo que o encanta. “Poemas têm musicalidade, mas são silenciosos. Não são para serem declamados ou cantados, mas evocam o fluxo de pensamento”, afirma.
O livro reúne cerca de 70 poemas em 111 páginas, com prefácio assinado por Vera Casa Nova. “A leitura da professora Vera, que é a crítica literária mais importante dessa área, foi uma validação para mim. Acredito que para ser poeta, alguém tem de te chamar de poeta, você não se autoproclama”, afirma Melo.
Os versos foram escritos ao longo dos últimos cinco anos, especialmente durante a pandemia. As composições nasceram sem pretensão de se tornarem livro, porém, ao reunir os textos, o autor percebeu que a narrativa e a estrutura faziam sentido e havia coerência silenciosa entre os poemas.
Melo destaca que o livro não obedece a tema específico, mas segue o ritmo e o deslocamento que os poemas provocam. “Eles têm muita intertextualidade, dialogam com filosofia, com letras de músicas de outros autores e com outros poetas. Há um poema que responde a Ana Cristina Cesar, uma das minhas grandes influências.”
Experimentação visual
O escritor diz que a escrita sempre esteve no centro de sua produção, mesmo quando expressapor meio do som. “A escrita foi a âncora de tudo o que fiz como artista. Ela curou tudo o que fiz como músico ou artista digital. Tudo o que produzi sempre teve a poesia como pano de fundo, mesmo quando o rótulo não era esse”, diz.
Durante o lançamento, haverá leitura de poemas acompanhada por samplers e projeções de VJ 1mpar, retomando parcerias dos tempos da banda Paralaxe. O evento marca também o início do projeto SEELLABA (Sessões Experimentais Literárias & Laboratório Audiovisual), criado pela Galeria Resistor, que propõe encontros dedicados à experimentação poética e visual.
“TEXTOS ESCOLHIDOS – POÉTICA DO EXCESSO SILENCIOSO”
. De Frederico Melo
. Galeria Resistor
. 111 páginas
. R$ 75
. Lançamento nesta quarta-feira (22/10), na Galeria Resistor (Rua Itaberá, 480A, Santa Efigênia), às 19h. Entrada franca.
OUTROS LANÇAMENTOS
O Mantiqueira
A Livraria Jenipapo (Rua Fernandes Tourinho, 241 – Savassi) sedia nesta terça (21/10), às 19h, o lançamento do suplemento cultural O Mantiqueira, novo projeto editorial do CARDE. Em parceria com o Projeto República da UFMG, coordenado pela historiadora Heloisa Starling, a publicação se constitui como um espaço de reflexão sobre cultura, história e sociedade.
A edição inaugural conta com entrevistas, artigos, ensaios e matérias que celebram a cultura brasileira. O Mantiqueira passa a circular oficialmente em fevereiro de 2026, com edições quadrimestrais. O evento de lançamento inclui bate-papo com Livia Baião, diretora do Museu Virtual Rio Memórias; Arthur Starling, designer e ilustrador; Aline Monte Sião; do CARDE Museu; e da própria Heloisa Starling. O suplemento será distribuído gratuitamente nas escolas brasileiras e a versão on-line estará disponível no site da Amazon.
* Estagiária sob supervisão da subeditora Tetê Monteiro