Numa conversa num podcast, Alejandro Grimaldo passou em revista os anos no Benfica, de onde saiu no verão de 2023 após terminar contrato.
O agora jogador do Bayer Leverkusen recordou a forma intensa com que os adeptos vivem o clube encarnado. «O Benfica é um clube incrível. Os adeptos apoiam-nos até à morte, mas temos de render. Ou rendes ou fazem-te uma cruz. (…) Lembro-me de me terem pintado a parede da minha casa depois de uma derrota. Queriam matar-me: «Escreveram ‘filho da p***’ e puseram uma cara como se me fossem liquidar [risos]. Um dia mandaram uma pedrada ao autocarro e deixaram um colega meu com um monte de cortes na cara. Mas eles são fantásticos: só aconteceu uma vez e gosto muito deles [risos]. Mas não me pintem a casa», disse bem-disposto no podcast espanhol «El After de Post United.
Grimaldo chegou ao Benfica em janeiro de 2016, tendo-se afirmado definitivamente a partir da segunda época. «No mercado de verão já tinha surgido a possibilidade de sair do Barcelona. Acabava contrato seis meses depois e foi melhor sair em janeiro do que no fim, porque o Barça não contava comigo para renovar e tomei a decisão de sair do clube. Fui para o Benfica e creio que acertei em cheio no que era o melhor para o meu futuro. (…) Adaptei-me rapidamente, deram-me também esse tempo para me adaptar e na temporada a seguir comecei a jogar como titular e a colher louros no clube», lembrou.
«Quando eu cheguei, o Benfica ganhava todos os jogos. E se um sistema está a funcionar, não se muda. E eu também precisava de um período de adaptação: de conhecer os companheiros e o clube e de dar esse salto de passar de uma equipa da segunda B para uma que lutava pelo campeonato e na Champions. Creio que o Benfica fez bem em que tudo fosse progressivo», acrescentou.
Grimaldo recordou também a forte rivalidade com o FC Porto («muito quente e bonita») e as celebrações do título. «É incrível. No Benfica íamos para o Marquês de Pombal. No primeiro ano em que fomos lá, estava a abarrotar. Nunca tinha visto tantas pessoas num só lugar na minha vida. Foi impactante.»
E falou da boa época com Bruno Lage em 2018/19, na qual alcançou os melhores números até superar esses registos na derradeira temporada pelas águias com Roger Schmidt, e também de João Félix.
«Pode dizer-se que foi uma loucura pagar-se 120 milhões por alguém que estava há tão pouco tempo na elite. Mas eu via-o a treinar e o talento que ele tinha e pareceu-me que era um preço muito justo. Era um jogador com um talento incrível. Vi poucos jogadores com aquela qualidade e com aquele faro de golo e entendimento do jogo. Parecia-me ser um jogador que valia 120 milhões de euros.»
Na última época de Grimaldo no Benfica, as águias venderam outro jogador pela cláusula de rescisão: Enzo Fernández ao Chelsea a meio da época. Um momento que considerou ter causado danos à equipa, que estava a atravessar um grande momento a nível nacional e também na Champions. «Nesse ano estivemos invictos na fase de grupos. E tínhamos o Enzo, que saiu em janeiro. E isso matou-nos. Fez-nos muito dano. Tudo passava por ele. Ele organizava tudo e isso prejudicou-nos muito, sobretudo na Champions. Para a Liga tínhamos uma grande equipa, mas na Champions era um degrau acima. Ele era um jogador diferenciado e foi complicado.»
O futebolista de 30 anos assumiu também que ponderou renovar pelo Benfica, mas que, no fim, as conversas que foi mantendo com o compatriota Xabi Alonso o levaram a decidir dar outro rumo à carreira.
«Houve conversas com o Benfica para renovar, mas no fim decidi sair. (…) Ponderei renovar. Estava muito bem no clube, estava tudo a funcionar bem e gostava dos adeptos e do treinador. Mas o que mais me fez mudar foram as conversas que tive com o Xabi Alonso. No fim decidi ir para o Leverkusen.