O chanceler alemão foi questionado por um jornalista, na segunda-feira, sobre se mantinha as declarações ou pedia desculpa por ter defendido, na semana passada, deportações em larga escala nas cidades.
Friedrich Merz manteve as declarações porque “temos de mudar alguma coisa”. “Não sei se tem filhos e filhas (…). Pergunte às suas filhas, suspeito que receberá uma resposta bastante clara. Não tenho nada a retirar; pelo contrário, saliento: temos de mudar alguma coisa” respondeu o chanceler.
Na semana passada, o chanceler sugeriu que a diversidade em si era um problema nas cidades alemãs.
“É claro que ainda temos esse problema na paisagem urbana e é por isso que o ministro federal do Interior está agora a trabalhar para permitir e realizar expulsões em grande escala“, afirmou durante uma visita ao estado de Brandemburgo, nos arredores de Berlim.
Os críticos, então, acusaram o chanceler alemão de adotar uma retórica “perigosa” sobre a imigração.
Agora, após as declarações de ontem, diversas vozes da oposição fazem-se ouvir. Por exemplo, Ricarda Lang, deputada do Partido Verde, acusou Merz de paternalismo e de ignorar as reais preocupações políticas das jovens. “Talvez as “filhas” também estejam fartas de Friedrich Merz só se preocupar com os seus direitos e segurança quando pode usá-los para justificar as suas políticas completamente retrógradas”, escreveu Ricarda Lang no X.
Também o líder dos Verdes em Brandemburgo acusou Merz de alimentar o preconceito racial. “É perigoso quando os partidos no poder tentam rotular as pessoas como um problema com base na sua aparência ou origem”, defendeu o líder dos Verdes.
Já Natalie Pawlik, do Partido Social-Democrata, parceiro minoritário no Governo de Merz, afirmou que “a migração não deve ser estigmatizada com reações simplistas ou populistas – isso divide ainda mais a sociedade e, em última análise, ajuda as pessoas erradas, em vez de promover soluções”. Friedrich Merz assumiu o cargo de chanceler em maio com a promessa de combater a ascensão do partido de extrema-direita (AfD).
Os resultados das eleições gerais de fevereiro deram ao bloco conservador CDU/CSU do líder alemão 28,5 por cento de votos. Enquanto o AfD conquistou um resultado recorde de 20,8 por cento.
Desde então, a extrema-direita empatou com a coligação CDU/CSU e já a ultrapassou em algumas sondagens.
Um susto para os democratas-cristãos de Friederich Merz, que estiveram reunidos no domingo e na segunda-feira para definir uma estratégia antes das cinco eleições estaduais do próximo ano.
Analistas políticos alemães já alertaram que os partidos tradicionais, como a CDU, estão a permitir que a extrema-direita defina a agenda mediática. Ou seja, acabam por legitimar e disseminar involuntariamente as ideias xenófobas e racistas do partido AfD.