Ana de Santana estreou nas passarelas aos 17 anos e, desde então, não parou mais. Hoje, aos 28 anos, a mineira de Uberlândia segue com carreira de modelo e investe, também, em outro ofício: o de atriz. O primeiro papel ela ganhou em “Vermelho Sangue”, série original Globoplay que chegou à plataforma de streaming em outubro.
Na história criada e escrita por Claudia Sardinha e Rosane Svartman, Ana interpreta Juliana, uma jovem estudante de biologia que, a princípio, se mostra presa a padrões sociais e preconceitos herdados do ambiente em que vive, na fictícia Guarambá, localizada no Cerrado Mineiro. Filha do delegado Edgar (Che Moais), Juliana faz parte do grupo que zomba de Flora (Alanis Guillen), sua antiga melhor amiga.
O convite para “Vermelho Sangue” veio de forma inesperada. “Recebi o pedido de self tape (gravação de vídeo para audição remota) quando ainda estava estudando. Foi meu primeiro teste e eu nem sabia ao certo como fazer. Poucos dias depois, me chamaram para um teste presencial no Projac e, logo depois, veio a aprovação”, conta Ana. O que mais a atraiu na personagem, segundo a mineira, foi a possibilidade de viver “uma transição, quase como interpretar mais de um papel dentro de um só”.
A preparação para o papel exigiu intensidade e autoconhecimento. “Foi uma das partes mais desafiadoras para mim. Tive ajuda de profissionais incríveis, mas também precisei encarar minhas próprias sombras”, afirma. A atriz relata que fez muitos exercícios corporais e de improviso para dar vida à personagem, que, segundo ela, representa o peso das expectativas e o desejo de aceitação.
“Foi desafiador olhar para Juliana sem julgá-la. O erro dela nasce de um lugar de querer ser aceita. Em vários momentos, vi um reflexo meu ali, tentando me encaixar em lugares que não me cabiam”, reflete. Vinda de cidades pequenas, Ana reconhece que parte da sua construção pessoal se conecta com a da personagem: “Já reproduzi padrões que hoje também me questiono”.
Ana de Santana já desfilou em diversos países e para marcas famosas | Foto: Leandro Ramos/Divulgação
Antes da estreia como atriz, desfilou por países como França, Alemanha, Itália e Inglaterra. Em mais de uma década como modelo, posou para publicações como “Vogue Itália” e trabalhou para marcas como Prada, Armani, Versace, Lacoste, Harrods e Avon. A mudança profissional, segundo a mineira, representa um novo ciclo.
“É tipo um renascimento”, diz, aos risos. “A moda me ensinou a lidar com o olhar do outro, mas a atuação me ensinou a olhar para dentro. Eu vivi anos sendo moldada por padrões, e de repente me vi num set sendo convidada a sentir, a falhar, a existir de verdade. É como se, depois de tanto tempo emprestando o corpo, eu finalmente tivesse me encontrado nele”, comenta Ana.
A mineira segue investindo na formação artística. Recentemente ela foi aprovada para a Kingdom Drama School, em Londres, instituição que formou nomes importantes do teatro e do cinema britânico. “O plano é continuar estudando, mergulhar em outras culturas e aprender com artistas do mundo inteiro. Não quero que ‘Vermelho Sangue’ seja um ponto final, mas o início. Meu desejo é continuar contando histórias que transformem as minhas e as de quem assiste”, conclui.
Ana de Santana tem investido na formação artística | Foto: Leandro Ramos/Divulgação