A marca de automóveis, Chery, apresentou uma nova bateria sólida de 600 Wh/kg capaz de alcançar 1.300 km por carga, a mais densa anunciada por uma construtora automóvel chinesa.
Com esta nova bateria, dizem os responsáveis da marca, a autonomia teórica será superior a 1.500 km por carga. Contudo, espera-se que atinja 1.300 km em condições reais.
Operação piloto em 2026 e lançamento comercial em 2027, antecipando-se a concorrentes como a BYD e a CATL.
Chery apresenta bateria sólida de 600 Wh/kg com autonomia de 1.300 km
Na Conferência Global de Inovação Chery 2025, realizada a 18 de outubro em Wuhu, o fabricante automóvel chinês surpreendeu com a apresentação do seu primeiro módulo de bateria totalmente em estado sólido desenvolvido internamente.
O protótipo, com uma densidade energética de 600 Wh/kg, posiciona-se entre os mais avançados alguma vez anunciados por fabricantes chineses.
O desenvolvimento ficou a cargo do Instituto de Investigação de Baterias de Estado Sólido da Chery, que optou por um sistema de eletrólito sólido polimerizado in situ e um cátodo rico em manganês e lítio.
O que realmente marca um ponto de viragem é que esta bateria não oferece apenas números teóricos impressionantes, até 1.500 km em condições ideais, mas também uma autonomia realista próxima dos 1.300 km, duplicando o que atualmente oferecem muitos veículos elétricos no mercado.
Além disso, superou testes de abuso extremo (como perfuração com pregos e brocas) sem se incendiar nem gerar fumo, resolvendo um dos pontos mais críticos da segurança das baterias atuais.
China acelera rumo à eletrificação avançada
A estratégia da Chery não é casual. Coincide com um boom nas exportações e um crescimento sustentado dos lucros: em setembro, exportou 137.624 veículos, um aumento de 26,2% face ao ano anterior.
No primeiro semestre de 2025, o seu volume de negócios atingiu 141.600 milhões de yuans (cerca de 19.500 milhões de euros), destinando uma parte significativa, 35% do capital obtido na recente entrada em bolsa em Hong Kong, à investigação e desenvolvimento de veículos e 25% a tecnologias de nova geração. A bateria sólida é claramente uma aposta estratégica.
Este anúncio coloca a Chery à frente de rivais diretos como a BYD e a CATL, que também planeiam lançar produção em pequena escala de baterias sólidas em 2027.
A nível internacional, a Toyota avança em paralelo com a sua parceria com a Sumitomo Metal Mining, centrada em acelerar o desenvolvimento de materiais catódicos para as suas próprias células de estado sólido.
O desafio pendente: custo e escalabilidade
A tecnologia de estado sólido promete muito, mas ainda enfrenta barreiras concretas. O maior obstáculo é o custo, que continua a ser aproximadamente 2,8 vezes superior ao das baterias convencionais de eletrólito líquido. Tal deve-se ao uso de materiais complexos, como os sulfitos, e a baixas taxas de produção que dificultam a rentabilidade.
Ainda assim, o progresso não para. Investigadores da Universidade de Tsinghua desenvolveram recentemente uma célula flexível com densidade de 604 Wh/kg, utilizando um eletrólito de fluoropolieter, que resistiu tanto a perfurações como a temperaturas até 120 °C.
Embora ainda não sejam soluções comerciais, estes avanços indicam que a escalabilidade é tecnicamente viável se o estrangulamento económico for resolvido.
A Chery anunciou a 18 de outubro que lançaria uma bateria totalmente sólida em 2026. O anúncio foi feito na Conferência Global de Inovação da Chery. Também foi anunciada a marca de baterias Kunpeng, que inicialmente terá três séries de baterias, todas com capacidade de carregamento 6C, ou seja, adicionando 400 km de autonomia em 5 minutos.
Implicações reais: para além dos quilómetros
Um veículo com 1.300 km de autonomia real não implica apenas menos recargas. Implica menos pontos de carregamento, menos ansiedade de autonomia e uma maior adoção do veículo elétrico. Isto é essencial, sobretudo em regiões com infraestrutura limitada.
Além disso, uma bateria mais segura e estável reduz os riscos de incêndio, especialmente em climas quentes ou após acidentes.
A nível geopolítico, o facto de a China liderar este avanço reforça a sua posição na corrida global pela soberania energética. E, para o consumidor, pode traduzir-se em veículos mais duradouros, com menor perda de capacidade ao longo do tempo e custos de manutenção mais baixos.



